Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
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TRIBUTAR<br />
MENOS SOBRE MAIS<br />
"Um <strong>no</strong>vo código tributário pode livrar-<strong>no</strong>s de todos os impostos. Me<strong>no</strong>s de um: o tributo<br />
redobrado que pagamos à burrice." William Godwin (1756-1836), anarquista inglês<br />
Joelmir Beting<br />
O Estado de S. Paulo, 3/7/91<br />
A eco<strong>no</strong>mia brasileira contabilizou, em junho, negócios de Cr$ 108 trilhões. Sim,<br />
com T de tatu. A estimativa é da Febraban. Essa megafatura está sendo acionada para<br />
<strong>doc</strong>umentar a mágica fiscal embutida na proposta do Imposto Único - transformada em<br />
emenda constitucional pelo deputado Flávio Rocha (PRN-RN). Uma alíquota universal de<br />
apenas 2% teria capturado, sem desvio nem desvão, uma receita pública da ordem de Cr$<br />
2,1 trilhões. Algo parecido com US$ 8 bilhões. Admite-se uma arrecadação anual de US$<br />
100 bilhões. Um resultado fantástico: empata com a receita ótima da atual carga tributária,<br />
equivalente a 25% do PIB. Uma carga espalhada por 53 diferentes tributos,<br />
competentemente sonegáveis (e sonegados). No Imposto de Renda, a sonegação aproximase<br />
de 50% do recolhimento potencial, <strong>no</strong>s calafrios da Receita Federal. Somos o paraíso do<br />
AI Capone, sem o Elliot Ness.<br />
Autor intelectual do Imposto Único, o eco<strong>no</strong>mista <strong>Marcos</strong> <strong>Cintra</strong> Cavalcanti de<br />
Albuquerque sustenta que o <strong>no</strong>vo sistema promove o desmonte, em bloco, da sonegação, da<br />
evasão, do subsídio, da avoision, do escambo, do caixa dois. Taxa de 2% não vale o risco.<br />
Ademais, é bem mais fácil fiscalizar uma centena de bancos coletores.<br />
O recolhimento do Imposto Único acontece <strong>no</strong> momento de cada transação em banco:<br />
1 % na conta devedora e 1 % na conta credora. O saque em dinheiro vivo, na proposta de<br />
<strong>Cintra</strong> Cavalcanti, seria tributado em dobro. Justificativa: é para desencorajar a<br />
monetização dos negócios, forma obtusa da evasão fiscal.<br />
Encampada por Flávio Rocha (que se contenta com alíquota de 1%), a proposta do<br />
Imposto Único acabou atropelando, na raia legislativa, os modelos tributários, não me<strong>no</strong>s<br />
revolucionários, oferecidos pelo eco<strong>no</strong>mista Paulo Rabello de Castro e pelo tributarista Ives<br />
Gandra Martins. Além da drástica redução do custo da arrecadação, o Imposto Único é<br />
recolhido <strong>no</strong> ato e <strong>no</strong> fato gerador - vacinando o Tesouro contra o desgaste inflacionário da<br />
receita tardia.<br />
O deputado Roberto Campos, que é do ramo, prefere o modelo de <strong>Cintra</strong><br />
Albuquerque: “A idéia do Imposto Único, herdada dos fisiocratas franceses do século 18,<br />
não é ingênua nem inviável. É apenas uma idéia insolentemente <strong>no</strong>va, cujo tempo já<br />
chegou”.<br />
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