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Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra

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OVO DE COLOMBO<br />

OU LEVIANDADE?<br />

Thiers Fattori Costa<br />

O Estado de S. Paulo, 11/5/92<br />

Perdoem-me a perplexidade. Sou um empresário. Não tenho obrigação de entender de<br />

finanças públicas nem das técnicas de arrecadação de impostos. Mas o fato de estar <strong>no</strong> pólo<br />

passivo da relação tributária não me obriga à passividade.<br />

Ultimamente, tenho-me dedicado, cada vez com interesse maior, ao exa- me do<br />

chamado Imposto Único. Não há dúvida de que ele significaria uma simplificação<br />

inimaginável na vida das pessoas e das empresas. Por outro lado, tenho tomado<br />

conhecimento de cálculos, elaborados por pessoas presumivelmente responsáveis, que<br />

demonstram que esse ganho da sociedade não corresponderia a uma perda do Estado. Ao<br />

contrário, haveria um aumento considerável da receita líquida, <strong>no</strong>s três níveis da<br />

administração pública.<br />

A reação mais freqüente diante dessa proposta pode ser resumida numa frase: "é bom<br />

demais pra ser verdade..." Mas cresce a cada dia o número de pessoas que começa a<br />

acreditar na possibilidade de ser verdade...<br />

O movimento pelo Imposto Único poderá vir a se tornar algo muito maior do que a<br />

célebre campanha das Diretas-já, de 1984. De fato, a perspectiva de pagar me<strong>no</strong>s impostos<br />

e de forma infinitamente mais simples representa, para a maioria dos brasileiros, um apelo<br />

muito mais forte e mobilizador do que a luta pelo direito de votar para presidente. Ou não?<br />

Na verdade, para que a campanha pelo Imposto Único ganhe as ruas e se torne<br />

irresistível - passando como uma motoniveladora até mesmo sobre o Congresso Nacional-<br />

falta apenas uma centelha, que pode surgir a qualquer instante. Todas as pré-condições<br />

estão postas: há uma flagrante desproporção entre a capacidade contributiva da sociedade e<br />

a voracidade fiscal do Estado. Por outro lado, é cada vez pior a qualidade dos serviços<br />

públicos; generaliza-se o sentimento de que o dinheiro dos Impostos e mal aplicado,<br />

quando não e simplesmente desviado. Tudo isso, convenhamos, endurece o coração do<br />

contribuinte.<br />

Paradoxalmente, entretanto, a possibilidade de que a proposta do Imposto Único<br />

ganhe essa dimensão, antes de me animar, pr<strong>eo</strong>cupa-me. Porque há quem garanta que ela<br />

não passaria de uma leviandade, de uma verdadeira loucura que, se implantada,<br />

desestruturaria o Estado brasileiro, mergulhando o País numa crise econômica e financeira<br />

muito mais profunda do que a atual, com conseqüências sociais e institucionais<br />

absolutamente incontroláveis.<br />

As pessoas sensatas e de boa-fé, ao mesmo tempo que anseiam pela simplificação (se<br />

possível radical) dos sistemas de arrecadação, não desejam a destruição do Estado n,em o<br />

caos institucional. O problema é que os argumentos contrários ao Imposto Único não têm<br />

sido apresentados com clareza e profundidade. Os "especialistas", do alto da sua sabedoria,<br />

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