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Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra

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Esses três poderosos grupos passaram a dar o tom dos discursos, investindo contra o<br />

IPMF como se estivessem defendendo intransigentemente o pagador de impostos, quando o<br />

verdadeiro alvo é bem outro.<br />

Derrotados sucessivamente nas duas casas legislativas, a <strong>no</strong>va trincheira dos desafetos<br />

da automaticidade tributária passou a ser a regulamentação do imposto. De nada valeu o<br />

compromisso do líder do Gover<strong>no</strong>, deputado Roberto Freire, de que os envolvidos com a<br />

campanha pelo Imposto Único acompanhariam passo a passo a feitura da lei complementar<br />

do IPMF. Esta tarefa foi confiada a uma corporação de inegável suspeição neste assunto: a<br />

Receita Federal. Seus integrantes, com raras exceções, não escondem as restrições<br />

filosóficas e fisiológicas que os levam a desejar o seu fracasso. Ao tomar conhecimento,<br />

pela imprensa, da proposta por eles elaborada, reforço esta convicção. Ou não<br />

compreenderam a mecânica do <strong>no</strong>vo imposto ou, propositadamente, depositaram uma<br />

bomba de efeito retardado para que o mesmo não funcione. Foram inexplicavelmente<br />

pródigos na concessão de isenções. Excluíram da base de cálculo até operações cuja<br />

isenção nem sequer foi reivindicada pelos seus supostos beneficiários. Que sentido faz<br />

isentar, por exemplo, a União do imposto que a mesma recolherá para si própria?<br />

Querem uma exceção. Uma isenção qualquer que seja ela, pois, se houver qualquer<br />

isenção, deixaremos de ter um imposto universal, automático e impessoal para termos mais<br />

um imposto declaratório, vulnerável e de cobrança artesanal. A partir do momento em que<br />

tivermos de identificar o que é um pagamento de uma prefeitura e o que não é, teremos<br />

eliminado o verdadeiro atrativo dessa <strong>no</strong>va metodologia arrecadatória, a automaticidade.<br />

Nada temos a opor à idéia de com- pensar trabalhadores de baixa renda através de uma<br />

alíquota me<strong>no</strong>r para a contribuição previdenciária. Uma forma inteligente e que não abre<br />

brechas perigosas à evasão.<br />

Com relação às bolsas de valores, o único efeito da cobrança do IPMF será o da<br />

imposição de um ritmo me<strong>no</strong>s frenético às trocas de posições. Quem hoje compra e vende<br />

ações diariamente encontrará um <strong>no</strong>vo ponto de equilíbrio, variando as suas posições com<br />

me<strong>no</strong>r sofreguidão. O <strong>no</strong>vo imposto não representará sequer o maior custo, por exemplo,<br />

numa operação de compra e venda de ações.<br />

Quanto ao fim do sigilo bancário, seUs efeitos serão desastrosos <strong>no</strong> tangente à<br />

desintermediação financeira. Com ou sem IPMF. Haverá uma fuga em massa do sistema<br />

financeiro, não para evitar os 0,25% do <strong>no</strong>vo imposto, mas para não denunciar o que se<br />

deixou de pagar de ICMS, IR, IPI e de toda esta sopinha de letras. Certamente pretendem<br />

atribuir esta culpa ao IPMF.<br />

O <strong>no</strong>vo imposto, por si só, não poderá ser responsabilizado pela desintermediação<br />

financeira. O preço cobrado pelos bancos por único talão de cheques corresponde, por<br />

exemplo, a um valor maior do que o IPMF incidente sobre vinte milhões de cruzeiros em<br />

pagamentos. Imaginar que alguém feche a sua conta bancária para eco<strong>no</strong>mizar o IPMF é<br />

supor que alguém possa fazer o mesmo hoje, apenas para não gastar um talão de cheques.<br />

O sofisma tem sido a regra geral. Repetem ad nauseam que "a cada vez que o<br />

trabalhador pagar o açougue, o aluguel, a prestação, o supermercado, estará pagando o<br />

imposto". Que diferença faz se é a cada vez ou de uma vez só? Em ambos os casos,<br />

estaremos pagando 0,25% do total dos <strong>no</strong>ssos gastos através da sua incidência direta. A<br />

intenção deste chavão é clara: querem fazer crer aos me<strong>no</strong>s atentos que, ao realizarem cem<br />

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