Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
em dinheiro. O produto da arrecadação seria instantaneamente transferido para os vários<br />
níveis de gover<strong>no</strong>, segundo critérios de rateio previamente definidos.<br />
Esta forma de tributação tem várias vantagens. Praticamente elimina a sonegação, a<br />
corrupção e a eco<strong>no</strong>mia informal, já que toda a arrecadação ocorreria <strong>no</strong> circuito bancário,<br />
onde a fiscalização pode ser fácil e barata. Ao ampliar e<strong>no</strong>rmemente o número de<br />
contribuintes, torna-se possível uma redução sensível da incidência <strong>no</strong>s segmentos que hoje<br />
arcam com o grosso da tributação <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, fundamentalmente o assalariado e parte das<br />
empresas organizadas.<br />
Também <strong>no</strong> setor privado ocorreriam e<strong>no</strong>rmes reduções de custos administrativos, pois<br />
toda a atual escrituração fiscal seria aboli da, juntamente com a extinção de maior parte dos<br />
impostos e contribuições fiscais como o IR, IPI, ICMS, ISS, lapas, retenções na fonte e toda<br />
a parafernália de exigências que, segundo o jurista Ives Gandra da Silva Martins, supera, <strong>no</strong><br />
<strong>Brasil</strong>, a absurda soma de 50 tipos de tributos.<br />
As Críticas de Panzarini e de Rezende<br />
Antes de passarmos a <strong>no</strong>vas análises sobre o <strong>IU</strong>T, serão abordadas algumas críticas<br />
levantadas recentemente nesta Folha.<br />
Espantei-me com a surpresa de Panzarini, ao indicar que tomou contato com a<br />
proposta de um imposto único <strong>no</strong> horário eleitoral gratuito. Causa pasmo que um conceito<br />
que vem sendo discutido na literatura econômica há alguns séculos apenas tenha chegado<br />
ao conhecimento do articulista naquela forma.<br />
Quanto ao argumento de que a definição dos critérios de rateio da arrecadação do <strong>IU</strong>T<br />
entre os três níveis de gover<strong>no</strong> poderia levar o país a "um conflito regional de proporções<br />
inimagináveis"(sic), cabe lembrar que a repartição da receita tributária <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> não é<br />
<strong>no</strong>va, tendo sido tratada inúmeras vezes <strong>no</strong> Congresso Nacional (vide, por exemplo, artigos<br />
157 a 162 da <strong>no</strong>va Constituição), sem que tenhamos tido qualquer guerra de secessão entre<br />
nós.<br />
Panzarini lamenta a perda de tributos com características extrafiscais. Também eu<br />
lamentaria, daí ter deixado aberta a porta para casos excepcionais - que esperaria serem<br />
muito poucos - como o caso do Imposto de Importação, cuja finalidade não é fiscal, mas<br />
sim de proteção à indústria nacional. Também o ITR progressivo sobre terras improdutivas<br />
poderia ser defendido como mecanismo de incorporação de áreas ociosas ao ciclo<br />
produtivo.<br />
Rezende, cuja crítica é mais consistente, porém não me<strong>no</strong>s preconceituosa, se coloca<br />
como um ardente defensor do status quo. Parece posicionar-se contra a busca de soluções<br />
que caminhem <strong>no</strong> sentido de aperfeiçoar o sistema tributário brasileiro pelo simples fato de<br />
que "Os conflitos que marcam a complexas relações Estado-contribuinte não tiveram<br />
solução ao/longo dos últimos 200 a<strong>no</strong>s" (sic). Cabe indagar se isto justificaria renegar<br />
mudanças, aceitar o que existe e abafar. a tentação (condenável?) de i<strong>no</strong>var. Provavelmente<br />
ainda teríamos rodas quadradas, se dependesse de meu crítico. Trata-se da mesma atitude<br />
insólita dos que indagam “se a idéia é tão boa porque não foi jamais utilizada em outros<br />
lugares até hoje?”, como de fato Rezende questiona.<br />
89