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Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra

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O BESTIÁRIO FISCALISTA<br />

"É melhor dar um salto à frente <strong>no</strong> escuro que um salto atrás <strong>no</strong> claro." Provérbio chinês<br />

Roberto Campos<br />

O Estado de S. Paulo, 24/5/92<br />

Dizia o humorista inglês Muggeridge que há duas coisas de difícil implementação: as<br />

promessas de campanha política e as idéias sobre as quais todo o mundo está de acordo. A<br />

reforma fiscal, de que tanto se fala, participa dessas qualidades.<br />

Os brasileiros têm mania de dizer que <strong>no</strong>ssa eco<strong>no</strong>mia é diferente, não se lhe<br />

aplicando as prescrições clássicas de ciência econômica. É diferente, sim. É pior. Mas há<br />

um setor em que o <strong>Brasil</strong> é nitidamente diferente. É o setor fiscal. Há três características<br />

razoavelmente originais: o País não tem moeda, a ética fiscal degradou-se irreparavelmente<br />

e, surpreendentemente, para um país subdesenvolvido, existe um sistema bancário<br />

nacionalmente informatizado, <strong>no</strong> qual a moeda eletrônica substitui a moeda corrente. Essas<br />

três circunstâncias possibilitam a implantação de um sistema fiscal "diferente" do resto do<br />

mundo. O risco da i<strong>no</strong>vação é me<strong>no</strong>r que a certeza da estagnação. O <strong>Brasil</strong>, aliás, já foi<br />

i<strong>no</strong>vador. O imposto sobre o valor adicionado e o FGTS foram, em sua época, considerados<br />

i<strong>no</strong>vações tresloucadas.<br />

Que o <strong>Brasil</strong> não tem moeda é claro. ü próprio gover<strong>no</strong> quer sua receita em Ufirs. E aí<br />

se enrosca em seu próprio rabo. Ao declarar o valor da Ufir sinaliza a taxa esperada de<br />

inflação e induz o setor privado a praticá-la. Que a ética fiscal soçobrou também é claro.<br />

Ninguém persuadirá <strong>no</strong>sso contribuinte de que, ao pagar impostos, está comprando<br />

civilização ou resgatando a cidadania. Ele se sente "tungado" por uma burocracia que não<br />

presta serviços ou os presta mal e porcamente.<br />

Exatamente porque todo mundo está de acordo sobre a necessidade de uma reforma<br />

fiscal que é difícil realizar. Se todo mundo está de acordo é porque não sabe bem o que é.<br />

Para os burocratas "fiscalistas", reforma fiscal é elevar alíquotas ou criar <strong>no</strong>vos impostos,<br />

como o imposto sobre os ativos das empresas, copiado do México, o que na atual recessão<br />

brasileira se transformaria em tributação sobre prejuízos. E melhoria de arrecadação<br />

significa incorporar mais fiscais ao exército de achacadores e botar uma centena de<br />

empresários na cadeia. O diabo é que entre o maiores sonegadores figuram empresas<br />

estatais e gover<strong>no</strong>s estaduais e municipais. Haja cadeia!<br />

Para os políticos de esquerda, o setor privado visa egoisticamente o lucro. Donde ser<br />

justificável dele extrair o máximo possível a fim de transferir recursos para o gover<strong>no</strong><br />

benfeitor, que teria "sensibilidade social". Oras, bolas! O gover<strong>no</strong> é um misto de perdulário<br />

e malfeitor, a ser mantido sob rédea curta, e exclusivamente para tarefas que não possam<br />

ser executadas pelo mercado competitivo. Que sensibilidade social tem um Estado que<br />

deixa um trabalhador morrer na fila de espera do INSS, para receber o magro pecúlio que<br />

acreditava ter acumulado após três décadas e meia de trabalho?<br />

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