Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
Microsoft Word - Tributa\\347\\343o no Brasil eo IU.doc - Marcos Cintra
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O IMPOSTO ÚNICO<br />
E O SETOR FINANCEIRO<br />
<strong>Marcos</strong> <strong>Cintra</strong><br />
O Estado de S. Paulo, 12/6/92<br />
Recentemente, o presidente da Federação <strong>Brasil</strong>eira das Associações de Bancos (Febraban),<br />
Alcides Lopes Tápias, publicou dois importantes artigos na imprensa. Como se sabe, a<br />
Febraban contesta veementemente o projeto do Imposto Único. No entanto,<br />
paradoxalmente, a argumentação <strong>no</strong>s dois artigos de Alcides Tápias são argumentos<br />
gritantes a favor do <strong>IU</strong>T, como procurarei demonstrar:<br />
Em "O fim das filas", publicado <strong>no</strong> Estado, dia 19 de maio, Alcides Tápias deplora as<br />
filas bancárias que infernizam a vida de toda a população brasileira. Afirma que há uma<br />
grande concentração de pagamentos em alguns curtos períodos de cada mês.<br />
O <strong>IU</strong>T acabaria com o afluxo de pessoas aos bancos com a finalidade de pagar<br />
impostos, atenuando o problema diag<strong>no</strong>sticado pela Febraban e que se torna mais grave a<br />
cada dia.<br />
Mais significativo ainda é que, com o <strong>IU</strong>T, os bancos - que segundo Tápias contam<br />
com "27 mil agências e postos, na maioria informatizados, interligados e distribuídos por<br />
todo o País" - se beneficiariam de brutal redução de suas necessidades de investimentos<br />
para atender ao público, que não mais congestionaria as agências bancárias para cumprir as<br />
exigências fiscais.<br />
Ainda mais impressionantes seriam as eco<strong>no</strong>mias do sistema bancário na arrecadação<br />
dos atuais impostos e contribuições sociais. Hoje eles são recolhidos por meio de um<br />
custoso processo burocrático que inclui papel, formulários, conferências pelos caixas<br />
bancários, digitação e processamento de <strong>doc</strong>umentos fiscais <strong>no</strong>s CPDs dos bancos,<br />
microfilmagem, emissão de relatórios, auditoria etc.<br />
Com o <strong>IU</strong>T isto tudo seria abolido. Nesse sentido, não subsiste a afirmação de que a<br />
arrecadação do <strong>IU</strong>T seria custosa, pois não existe mais do que um impulso eletrônico dos<br />
computadores bancários. Em suma, os bancos deveriam ser os primeiros a se declarar<br />
favoráveis ao <strong>IU</strong>T, ao me<strong>no</strong>s sob o aspecto de seus custos operacionais.<br />
No artigo publicado na Folha de S. Paulo, "Quem fica com os juros", de 8 de abril,<br />
Alcides Tápias faz uma das mais bombásticas demonstrações acerca das distorções do atual<br />
sistema tributário brasileiro.<br />
Em uma típica operação de intermediação financeira - em que o banco pagou 28% ao<br />
mês para o poupador e emprestou ao tomador a 30%, sendo a . inflação <strong>no</strong> período de 25%,<br />
o investidor ficou com 26% do rendimento real da ; operação, o banco com 16% e o<br />
gover<strong>no</strong> apropriou-se dos restantes 58%.<br />
Diz ainda Alcides Tápias que "as despesas tributárias dos bancos comerciais em 1991<br />
corresponderam a 149,4% do lucro líquido, ou seja, os bancos servi- ram mais ao gover<strong>no</strong><br />
224