13.07.2015 Views

Fundamentos Pedagógicos PST – da reflexão à prática

Fundamentos Pedagógicos PST – da reflexão à prática

Fundamentos Pedagógicos PST – da reflexão à prática

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

FUNDAMENTOS DO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO<strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Recor<strong>da</strong>mo-nos <strong>da</strong>s reflexões de Rubem Alves sobre a inutili<strong>da</strong>de<strong>da</strong> infância ao narrar o seguinte episódio:O pai orgulhoso e sólido olha para o filho saudável e imagina ofuturo.− Que é que você vai ser quando crescer?Pergunta inevitável, necessária, previdente, que ninguém questiona.− Ah! Quando eu crescer, acho que vou ser médico.A profissão não importa muito, desde que ela pertença ao rol dosrótulos respeitáveis que um pai gostaria de ver colados ao nomedo seu filho (e ao seu, obviamente)... Engenheiro, Diplomata,Advogado, Cientista...Imagino um outro pai, diferente, que não pode fazer perguntassobre o futuro. Pai para quem o filho não é uma enti<strong>da</strong>de que"vai ser quando crescer", mas que simplesmente é, por enquanto...É que ela sofre de leucemia e, por isto mesmo, não vai ser nemmédico, nem mecânico e nem ascensorista. Que é que seu pai lhediz? Penso que o pai, esquecido de todos "os futuros possíveis egloriosos" e dolorosamente consciente <strong>da</strong> presença física, corporal<strong>da</strong> criança, se aproxima dela com to<strong>da</strong> a ternura e lhe diz: "Se tudocorrer bem, iremos ao jardim zoológico no próximo domingo..."(ALVES, 1987, p. 5).Tal reflexão remete-nos a duas formas de se pensar sobre a vi<strong>da</strong> deuma criança, bem como sobre aquilo que fazemos com elas, pois “demodo geral, o que se observa na nossa socie<strong>da</strong>de, com relação à criança, éa impossibili<strong>da</strong>de de vivência do presente, em nome <strong>da</strong> preparação para ofuturo que não lhe pertence” (MARCELLINO, 1990, p. 57). No entanto,a concepção de criança que fun<strong>da</strong>menta as ações do Programa SegundoTempo não é pauta<strong>da</strong> na ideia de que a única aspiração possível dela étornar-se adulta, mas em compreendermos a infância como uma fase deaprendizagens, que quando bem conduzi<strong>da</strong>s podem orientar melhor seupresente, sem abrir mão <strong>da</strong> estruturação de um futuro mais promissor.“A criança possui outro equilíbrio, e é preciso tratar a consciência infantilcomo um fenômeno positivo” (MERLEAU-PONTY, 2006, p. 65).Não cabe, dessa forma, trabalharmos no Programa Segundo Tempocom a ideia de “caça talentos” e/ou de constituirmos uma geração esportiva,pois estaremos negando o presente <strong>da</strong> infância. É preciso considerar osinteresses diversificados <strong>da</strong>s crianças, dos adolescentes e dos jovens peloesporte, inclusive no sentido de que muitos não têm ambições esportivasno sentido profissional, por exemplo.AMAURI APARECIDO BÁSSOLI DE OLIVEIRA EGIANNA LEPRE PERIM (ORGANIZADORES)25Liv-3 Amauri - atualizado 14.07.09.indd Sec1:25 11/11/2009 10:16:05

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!