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#Manual de Direito do Consumidor (2017) - Flávio Tartuce e Daniel Amorim Assumpsção Neves

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será instaura<strong>do</strong> a pedi<strong>do</strong> da parte ou <strong>do</strong> Ministério Público, quan<strong>do</strong> lhe couber intervir no processo. Assim, pela literalida<strong>de</strong> da<br />

norma, ficaria afastada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong> ofício, pelo juiz, da <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da personalida<strong>de</strong> jurídica.<br />

Apesar <strong>de</strong>ssa previsão, o presente autor enten<strong>de</strong> que, em alguns casos, envolven<strong>do</strong> a or<strong>de</strong>m pública, a <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da<br />

personalida<strong>de</strong> jurídica ex officio é possível. Citem-se justamente as hipóteses envolven<strong>do</strong> a tutela <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, eis que, nos<br />

termos <strong>do</strong> art. 1º da Lei 8.078/1990, o Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r é norma <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública e interesse social, envolven<strong>do</strong><br />

direitos fundamentais protegi<strong>do</strong>s pelo art. 5º da Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988. A esse propósito, por to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>utrina<strong>do</strong>res<br />

consumeristas, como pon<strong>de</strong>ra Claudia Lima Marques, “no Brasil, pois, a proteção <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r é um valor constitucionalmente<br />

fundamental (Wertsystem) e é um direito subjetivo fundamental (art. 5º, XXXII), guian<strong>do</strong> – e impon<strong>do</strong> – a aplicação ex officio da<br />

norma protetiva <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, a qual realize o direito humano (efeito útil e pro homine <strong>do</strong> status constitucional); esteja esta<br />

norma no CDC ou em fonte outra (art. 7º <strong>do</strong> CDC)”. 10<br />

De to<strong>do</strong> mo<strong>do</strong>, pelo que consta <strong>do</strong> art. 10 <strong>do</strong> mesmo CPC/2015, antes <strong>de</strong>sse conhecimento <strong>de</strong> ofício, <strong>de</strong>ve o juiz ouvir as partes<br />

envolvidas, o que representa aplicação <strong>do</strong> princípio da boa-fé objetiva processual. Nos termos da norma, que veda as chamadas<br />

<strong>de</strong>cisões-surpresas, “o juiz não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir, em grau algum <strong>de</strong> jurisdição, com base em fundamento a respeito <strong>do</strong> qual não se<br />

tenha da<strong>do</strong> às partes oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se manifestar, ainda que se trate <strong>de</strong> matéria sobre a qual <strong>de</strong>va <strong>de</strong>cidir <strong>de</strong> ofício”.<br />

Como palavras finais sobre o tema, o presente autor tem ciência <strong>de</strong> que a conclusão pela <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> ofício é<br />

controversa, repelida por muitos processualistas, inclusive pelo coautor <strong>de</strong>sta obra. Todavia, reitere-se o fundamento da existência<br />

<strong>de</strong> norma <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública e interesse social para que a tese tenha forte amparo. Eis uma questão que, sem dúvida, será muito<br />

<strong>de</strong>batida nos próximos anos, sob a égi<strong>de</strong> <strong>do</strong> Novo Código <strong>de</strong> Processo Civil.<br />

1 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Comercial. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. v. 2, p. 37.<br />

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COELHO, Fábio Ulhoa. Curso <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Comercial. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. v. 2, p. 41.<br />

Por to<strong>do</strong>s, ver: COELHO, Fábio Ulhoa. Curso <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Comercial. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. v. 2, p. 36-47.<br />

GARCIA, Leonar<strong>do</strong> <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros. <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r. 3. ed. Niterói: Impetus, 2007. p. 114; PODESTÁ, Fábio Henrique. Código <strong>de</strong> Defesa<br />

<strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r comenta<strong>do</strong>. São Paulo: RT, 2010. p. 177.<br />

NICOLAU, Gustavo René. Desconsi<strong>de</strong>ração da personalida<strong>de</strong> jurídica. In: CANEZIN, Clau<strong>de</strong>te Carvalho. Arte jurídica. Curitiba: Juruá, 2006.<br />

v. III, p. 236.<br />

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Comercial. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 2, p. 66-67.<br />

MADALENO, Rolf. <strong>Direito</strong> <strong>de</strong> família. Aspectos polêmicos. 2. ed. Porto Alegre: Livraria <strong>do</strong> Advoga<strong>do</strong>, 1999. p. 31.<br />

DENARI, Zelmo. Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r comenta<strong>do</strong> pelos autores <strong>do</strong> anteprojeto. 8. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense Universitária,<br />

2004. p. 238.<br />

DENARI, Zelmo. Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r comenta<strong>do</strong> pelos autores <strong>do</strong> anteprojeto. 8. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense Universitária,<br />

2004. p. 238.<br />

MARQUES, Claudia Lima. Comentários ao Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r. 3. ed. São Paulo: RT, 2010. p. 70. No mesmo senti<strong>do</strong>, ver:<br />

TARTUCE, <strong>Flávio</strong>; NEVES, <strong>Daniel</strong> <strong>Amorim</strong> Assumpção. Manual <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r. Volume Único. 4. ed. São Paulo: Méto<strong>do</strong>,<br />

2015. Capítulos 1 e 2.

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