27.04.2017 Views

#Manual de Direito do Consumidor (2017) - Flávio Tartuce e Daniel Amorim Assumpsção Neves

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA DE<br />

CONSUMO<br />

Sumário: 3.1. A estrutura da relação jurídica <strong>de</strong> consumo. Visão geral – 3.2. Os elementos subjetivos da relação <strong>de</strong><br />

consumo: 3.2.1. O fornece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> produtos e o presta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> serviços. O conceito <strong>de</strong> fornece<strong>do</strong>r equipara<strong>do</strong>; 3.2.2. O<br />

consumi<strong>do</strong>r. Teorias existentes. O consumi<strong>do</strong>r equipara<strong>do</strong> ou bystan<strong>de</strong>r – 3.3. Elementos objetivos da relação <strong>de</strong><br />

consumo: 3.3.1. Produto; 3.3.2. Serviço – 3.4. Exemplos <strong>de</strong> outras relações jurídicas contemporâneas e o seu<br />

enquadramento como relações <strong>de</strong> consumo: 3.4.1. O contrato <strong>de</strong> transporte e a incidência <strong>do</strong> Código <strong>do</strong><br />

Consumi<strong>do</strong>r; 3.4.2. Os serviços públicos e o Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r; 3.4.3. O con<strong>do</strong>mínio edilício e o<br />

Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r; 3.4.4. A incidência <strong>do</strong> Código <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r para os contratos <strong>de</strong> locação<br />

urbana; 3.4.5. A Lei 8.078/1990 e a previdência privada complementar; 3.4.6. Prestação <strong>de</strong> serviços educacionais<br />

como serviço <strong>de</strong> consumo; 3.4.7. As ativida<strong>de</strong>s notariais e registrais e a Lei 8.078/1990; 3.4.8. As relações entre<br />

advoga<strong>do</strong>s e clientes e o Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r.<br />

3.1.<br />

A ESTRUTURA DA RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO. VISÃO GERAL<br />

Para justificar a incidência <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r, é preciso estudar a estrutura da relação jurídica <strong>de</strong> consumo,<br />

na perspectiva <strong>de</strong> seus elementos subjetivos e objetivos, ou seja, das partes relacionadas e o seu conteú<strong>do</strong>.<br />

Sobre o tema da relação jurídica em senti<strong>do</strong> amplo, como bem aponta Maria Helena Diniz, citan<strong>do</strong> Del Vecchio, “a relação<br />

jurídica consiste num vínculo entre pessoas, em razão <strong>do</strong> qual uma po<strong>de</strong> preten<strong>de</strong>r um bem a que outra é obrigada. Tal relação só<br />

existirá quan<strong>do</strong> certas ações <strong>do</strong>s sujeitos, que constituem o âmbito pessoal <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas normas, forem relevantes no que atina<br />

ao caráter <strong>de</strong>ôntico das normas aplicáveis à situação. Só haverá relação jurídica se o vínculo entre pessoas estiver norma<strong>do</strong>, isto é,<br />

regula<strong>do</strong> por norma jurídica, que tem por escopo protegê-lo”.1 Desse mo<strong>do</strong>, na esteira das lições <strong>do</strong>s juristas, constata-se que são<br />

elementos da relação jurídica, adapta<strong>do</strong>s para a relação <strong>de</strong> consumo: 2<br />

a)<br />

b)<br />

c)<br />

Existência <strong>de</strong> uma relação entre sujeitos jurídicos, substancialmente entre um sujeito ativo – titular <strong>de</strong> um direito – e um sujeito<br />

passivo – que tem um <strong>de</strong>ver jurídico. Na relação <strong>de</strong> consumo, tais elementos são o fornece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> produtos e o presta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> serviços<br />

– <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> – e o consumi<strong>do</strong>r – <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong>. Na gran<strong>de</strong> maioria das vezes, as partes são cre<strong>do</strong>ras e <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>ras entre si, eis que<br />

prevalecem nas relações <strong>de</strong> consumo as hipóteses em que há proporcionalida<strong>de</strong> das prestações (sinalagma). Isso ocorre, por<br />

exemplo, na compra e venda <strong>de</strong> consumo e na prestação <strong>de</strong> serviços, principais situações negociais típicas <strong>de</strong> consumo.<br />

Presença <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> sujeito ativo sobre o objeto imediato, que é a prestação, e sobre o objeto mediato da relação, que é o bem<br />

jurídico tutela<strong>do</strong> (coisa, tarefa ou abstenção). Na relação <strong>de</strong> consumo, o consumi<strong>do</strong>r po<strong>de</strong> exigir a entrega <strong>do</strong> produto ou a<br />

prestação <strong>de</strong> serviço, nos termos <strong>do</strong> que foi convenciona<strong>do</strong> e <strong>do</strong> disciplina<strong>do</strong> na Lei Consumerista. Nos termos <strong>do</strong> art. 3º <strong>do</strong> CDC,<br />

constata-se que os elementos objetivos, que formam a prestação da relação <strong>de</strong> consumo, são o produto e o serviço.<br />

Evidência na prática <strong>de</strong> um fato ou acontecimento propulsor, capaz <strong>de</strong> gerar consequências para o plano jurídico. De acor<strong>do</strong> com<br />

Maria Helena Diniz, “po<strong>de</strong> ser um acontecimento, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte ou não da vonta<strong>de</strong> humana, a que a norma jurídica dá a função <strong>de</strong><br />

criar, modificar ou extinguir direitos. É ele que tem o condão <strong>de</strong> vincular os sujeitos e <strong>de</strong> submeter o objeto ao po<strong>de</strong>r da pessoa<br />

concretizan<strong>do</strong> a relação”. 3 No plano <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r, esse fato é substancialmente um negócio jurídico, guia<strong>do</strong> pela<br />

autonomia privada, que é o direito que a pessoa tem <strong>de</strong> se autorregulamentar no plano contratual.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!