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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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concor<strong>da</strong> com o diagnóstico técnico e persiste em posições que inviabilizam o<br />

desenvolvimento integral <strong>da</strong> personali<strong>da</strong>de, tal como pretende a lei, que fazer? Quem<br />

vigia os atropelos à autonomia técnica nestas instituições?<br />

124<br />

A posição <strong>da</strong> tutela nesta matéria não poderia ser mais ambígua, já que,<br />

ao mesmo tempo que impõe a presença <strong>do</strong>s técnicos se demite de fiscalizar, controlar<br />

e sancionar as práticas que não são compatíveis com o desenvolvimento integral <strong>da</strong><br />

personali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s crianças.<br />

A relação entre o Esta<strong>do</strong> e as instituições priva<strong>da</strong>s de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de<br />

social, em que é delega<strong>da</strong> a responsabili<strong>da</strong>de de prestar às crianças as condições de<br />

desenvolvimento pessoal e social que não encontraram na família, é uma questão que<br />

merece uma reflexão aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>. Merece, muito em particular, a toma<strong>da</strong> de posições<br />

claras sobre a defesa <strong>da</strong> autonomia técnica <strong>do</strong>s profissionais, assim como sobre as<br />

matérias específicas que devem ser objecto de tratamento rigoroso e sistemático<br />

nestas instituições.<br />

Entre os <strong>do</strong>mínios mais decisivos para elaborar um projecto educativo,<br />

ver<strong>da</strong>deiramente digno desse nome, seriam de destacar o sucesso escolar e<br />

educativo, a oferta de activi<strong>da</strong>des culturais e artísticas valoriza<strong>da</strong>s e de lazeres<br />

enriquece<strong>do</strong>res, a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s relações humanas no conjunto <strong>da</strong> instituição, o<br />

estabelecimento de redes de relacionamento com outros meios sociais simbolicamente<br />

valoriza<strong>do</strong>s, a reelaboração <strong>da</strong>s atitudes e valores aprendi<strong>do</strong>s na primeira infância, a<br />

aprendizagem de um sistema de regras socialmente adequa<strong>do</strong>, o auto conhecimento.<br />

Sem a especificação <strong>da</strong>s metas a alcançar e <strong>do</strong>s processos a<br />

implementar em ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>mínios acima identifica<strong>do</strong>s não tenhamos dúvi<strong>da</strong>s<br />

sobre a natureza <strong>da</strong> relação que a tutela <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, entregue à Segurança Social,<br />

mantém com as instituições a quem confia a missão de desenvolver física, intelectual,<br />

moral e socialmente jovens seres cujas vi<strong>da</strong>s foram inicia<strong>da</strong>s nas mais severas e<br />

varia<strong>da</strong>s privações.<br />

O trabalho a desenvolver com estas crianças envolve conhecimentos<br />

profun<strong>do</strong>s de matérias muito varia<strong>da</strong>s de áreas científicas, tais como a sociologia e a<br />

psicologia cuja aplicação não deveria ser descura<strong>da</strong>, muito menos desvaloriza<strong>da</strong>. Se à<br />

tutela cabe o poder de decidir a retira<strong>da</strong> <strong>da</strong> família, assim como a responsabili<strong>da</strong>de de<br />

financiar as instituições, igualmente caberia a responsabili<strong>da</strong>de de assegurar uma<br />

efectiva reparação <strong>da</strong>s rupturas vivi<strong>da</strong>s na primeira socialização.<br />

Se tivermos em conta valiosos contributos teóricos que muito aju<strong>da</strong>m a<br />

compreender o que está em causa no processo de socialização primária, muito em<br />

especial quan<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s pais está carrega<strong>do</strong> de conotações pejorativas, e entra<br />

violentamente em choque com os novos conhecimentos que é preciso adquirir para

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