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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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ter cresci<strong>do</strong> sem afecto e não dispon<strong>do</strong> de aconselhamento para o seu desempenho<br />

estar capaz de enfrentar as dificul<strong>da</strong>des que decorrem <strong>do</strong>s comportamentos destas<br />

crianças, sem acabar, até, a maltratá-las e a negligenciá-las? Como pode um adulto<br />

sem projecto de vi<strong>da</strong> ser a referência que é imperioso proporcionar às crianças para<br />

que elas próprias possam desejar, acreditar e aderir a um projecto de vi<strong>da</strong>?<br />

131<br />

Na reali<strong>da</strong>de, não faltam exemplos de que a prática corrente nos lares em<br />

matéria de apoio à formação escolar se pauta por rotinas, tais como conceber a<br />

―organização <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>‖ segun<strong>do</strong> moldes ver<strong>da</strong>deiramente minimalistas. De facto,<br />

esperar que as crianças se dediquem ao estu<strong>do</strong> sozinhas, bastan<strong>do</strong> haver alguém que<br />

as mantém na frente <strong>do</strong>s livros e cadernos e assegura a sua permanência no lugar<br />

durante o tempo atribuí<strong>do</strong> ao estu<strong>do</strong>, esperar que se mantenham concentra<strong>da</strong>s na<br />

realização <strong>da</strong>s propostas de trabalho <strong>do</strong> professor, que cuidem <strong>do</strong> material escolar e o<br />

transportem diariamente para a escola sem a intervenção individualiza<strong>da</strong> de adultos é<br />

o mesmo que acreditar que to<strong>do</strong>s esses hábitos dependem de capaci<strong>da</strong>des genéticas<br />

que na<strong>da</strong> devem à estimulação e ao treino.<br />

E que pensar <strong>da</strong> deslocação diária <strong>da</strong>s crianças para a escola sem<br />

acompanhantes, esperan<strong>do</strong> que não se percam no caminho quan<strong>do</strong> encontram os<br />

companheiros de infortúnio que, também eles, não conseguiram descobrir interesse<br />

numa activi<strong>da</strong>de que lhes é tão mais estranha quanto o valor <strong>da</strong> escola nunca lhes foi<br />

transmiti<strong>do</strong> por quem os pôs no mun<strong>do</strong>? Que pensar <strong>da</strong> actuação de uma instituição<br />

que não cui<strong>da</strong> de controlar as faltas à escola e cujas crianças chegam a reprovar por<br />

faltas no final <strong>do</strong> primeiro perío<strong>do</strong>? Bastaria reunir informação relativa às faltas na<br />

escola para não haver dúvi<strong>da</strong>s sobre a quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> investimento na formação escolar<br />

<strong>da</strong>s crianças.<br />

Como interpretar a completa ausência de trabalho pe<strong>da</strong>gógico<br />

especializa<strong>do</strong> por via <strong>do</strong> recurso a materiais concebi<strong>do</strong>s para facilitar a aprendizagem?<br />

Como interpretar a ausência de comunicação com os professores quan<strong>do</strong> se constata,<br />

dias a fio, que os trabalhos de casa não permitem superar os défices de conhecimento<br />

<strong>da</strong>s crianças e que não existem programas individuais de recuperação em função <strong>do</strong>s<br />

problemas de ca<strong>da</strong> uma?<br />

Carla<br />

Retira<strong>da</strong> à família e coloca<strong>da</strong> num lar, Carla mantém contactos<br />

esporádicos com a mãe, a qual inicialmente a visita. Da vi<strong>da</strong> no colégio, recor<strong>da</strong> o

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