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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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uma identi<strong>da</strong>de desviante, o conhecimento partilha<strong>do</strong> pelos actores na sua experiência<br />

de vi<strong>da</strong> quotidiana, os contextos e processos que estão na génese <strong>da</strong> construção de<br />

certas subculturas, revela-se indispensável para aceder à compreensão <strong>do</strong>s actos e<br />

cognições <strong>do</strong>s indivíduos consumi<strong>do</strong>res 107 .<br />

3.5. A Entrevista como méto<strong>do</strong> de recolha de “histórias de vi<strong>da</strong>”: procedimentos<br />

e reflexões em torno <strong>da</strong> violência simbólica na relação social entre<br />

investiga<strong>do</strong>r e investiga<strong>do</strong><br />

Para a recolha <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram realiza<strong>da</strong>s 18 entrevistas junto de<br />

a<strong>do</strong>lescentes com i<strong>da</strong>des compreendi<strong>da</strong>s entre os 12 e os 19 anos que estavam<br />

submeti<strong>do</strong>s a tratamento terapêutico numa clínica particular – a Clínica <strong>do</strong> Outeiro. As<br />

características destes sujeitos serão mais desenvolvi<strong>da</strong>s no ponto seguinte.<br />

Foram realiza<strong>da</strong>s entrevistas prévias, de conhecimento entre<br />

entrevista<strong>do</strong>ra e entrevista<strong>do</strong>s e ―aquecimento‖, segui<strong>da</strong>s, algum tempo depois, de<br />

entrevistas de cariz biográfico para recolha de histórias de vi<strong>da</strong> e outras narrativas<br />

significativas.<br />

A existência de um guião prévio (cf. anexo 1), dita<strong>da</strong> pela convicção de<br />

que os problemas teóricos constituem uma matriz indispensável para controlar os<br />

enviesamentos inconscientes de redução <strong>da</strong> prática científica ao hiper-empirismo, não<br />

deixou de nos recor<strong>da</strong>r a pertinência <strong>da</strong>s observações de J. Macha<strong>do</strong> Pais 108 quan<strong>do</strong><br />

refere ser necessário evitar qualquer excesso de directivi<strong>da</strong>de que só poderia retirar o<br />

espaço próprio de narrativi<strong>da</strong>de ao entrevista<strong>do</strong>, submeten<strong>do</strong>-o às sequências<br />

narrativas <strong>da</strong> rigidez de um guião.<br />

Com a realização <strong>da</strong>s entrevistas biográficas pretendeu-se não só<br />

recolher informação sobre as condições objectivas de existência sócio-familiar <strong>do</strong>s<br />

a<strong>do</strong>lescentes, como aprofun<strong>da</strong>r o conhecimento <strong>da</strong>s vivências subjectivas que os<br />

a<strong>do</strong>lescentes foram construin<strong>do</strong> ao longo de trajectórias de vi<strong>da</strong> marca<strong>da</strong>s por uma<br />

iniciação precoce de consumo de drogas.<br />

A realização <strong>da</strong>s entrevistas biográficas foi, assim, precedi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

elaboração de um guião onde constam, várias dimensões: (i) trajectórias de vi<strong>da</strong> e<br />

contextos de socialização, (ii) dinâmicas familiares, realçan<strong>do</strong>-se as relações entre<br />

progenitores e progenitores e filhos, para compreender designa<strong>da</strong>mente os processos<br />

107 Rui Tinoco, & Severiano <strong>Pinto</strong>: op. cit., pág. 19.<br />

108 J. Macha<strong>do</strong> Pais,: ―Dos relatos aos conteú<strong>do</strong>s de vi<strong>da</strong>‖ in Ganchos, Tachos e Biscates – Jovens,<br />

trabalho e futuro, capítulo 4, Ambar, 2001, <strong>Porto</strong>.<br />

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