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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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significa a expansão <strong>do</strong> trabalho, mas também formas de ligação basea<strong>da</strong>s na<br />

generalização de uma protecção elementar pressiona<strong>da</strong> pelas lutas sociais no quadro<br />

<strong>do</strong> welfare.<br />

224<br />

O trabalho pode ser um factor de realização pessoal, mas também de<br />

frustração e até de alienação. O emprego, por seu turno, pode ser estável e assegurar<br />

um estatuto social valoriza<strong>do</strong> fora <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, mas pode ser instável e,<br />

assim, expor os assalaria<strong>do</strong>s à insegurança social. Nos últimos 20 anos, a relação<br />

com o trabalho e a relação com o emprego transformaram-se igualmente. Novos<br />

constrangimentos liga<strong>do</strong>s às evoluções tecnológicas e às políticas de gestão de<br />

empresas afectam a relação com o trabalho, enquanto a evolução <strong>da</strong> economia e a<br />

intervenção <strong>do</strong>s poderes públicos modificaram a relação com o emprego.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, a expressão «ter um trabalho» significa para os<br />

assalaria<strong>do</strong>s a possibili<strong>da</strong>de de realização numa activi<strong>da</strong>de produtiva e, ao mesmo<br />

tempo, a segurança de garantias face ao futuro. Podemos pois definir o tipo ideal de<br />

integração profissional como a dupla segurança <strong>do</strong> reconhecimento material e<br />

simbólico <strong>do</strong> trabalho e <strong>da</strong> protecção social que decorre <strong>do</strong> emprego 221 .<br />

O sistema de protecção generaliza<strong>do</strong> que foi posto em prática no decurso<br />

<strong>do</strong> século XX está em recuo, <strong>da</strong>í decorren<strong>do</strong> que numerosas franjas <strong>da</strong> população<br />

acabaram remeti<strong>da</strong>s para uma situação ca<strong>da</strong> vez mais precária. O sentimento de<br />

insegurança está hoje ca<strong>da</strong> vez mais desenvolvi<strong>do</strong> por causa <strong>da</strong> degra<strong>da</strong>ção <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong> de emprego 222 , designa<strong>da</strong>mente por via <strong>da</strong> expansão <strong>do</strong> desemprego e <strong>do</strong><br />

avanço <strong>do</strong> emprego precário. O risco de perder o emprego ampliou-se<br />

221 Serge Paugam, Le Lien Social, op.cit., pág. 74 ―Este tipo ideal que conjuga satisfação no trabalho e<br />

estabili<strong>da</strong>de de emprego pode ser qualifica<strong>da</strong> de integração assegura<strong>da</strong>. Neste caso, os assalaria<strong>do</strong>s<br />

podem elaborar projectos de carreira e investir no trabalho para as realizar. As satisfações que delas<br />

retiram são a expressão de uma integração sucedi<strong>da</strong> na empresa, em particular nas relações com os<br />

colegas e os superiores hierárquicos. É a partir deste tipo ideal de integração profissional que se torna<br />

possível estu<strong>da</strong>r os seus desvios, os quais constituem outras tantas fontes possíveis de insatisfação para<br />

os assalaria<strong>do</strong>s. Retoman<strong>do</strong> as duas dimensões de base, pode distinguir-se três tipos de desvio por<br />

relação à integração assegura<strong>da</strong>: a integração incerta (satisfação no trabalho e instabili<strong>da</strong>de de emprego),<br />

a integração laboriosa (insatisfação no trabalho e estabili<strong>da</strong>de de emprego) e a integração desqualificante<br />

(insatisfação no trabalho e instabili<strong>da</strong>de de emprego). Esta tipologia permite analisar as desigual<strong>da</strong>des<br />

que hoje atravessam o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho‖.<br />

222 Serge Paugam, Le Lien Social, op. cit., p. 80. ‖Lembremos que o número de desemprega<strong>do</strong>s passou,<br />

em França, de 500 000 no início <strong>do</strong>s anos setenta para cerca de 3 000 000 no início <strong>do</strong>s anos noventa.<br />

Os desemprega<strong>do</strong>s representavam menos de 4% <strong>da</strong> população activa em 1975 e 12% em 1994. Apesar<br />

de uma redução importante no final <strong>do</strong>s anos noventa, o desemprego era, em 2007,de cerca de 10 %.<br />

Passou-se, pois, de um desemprego residual para um desemprego de massa que alguns designaram de<br />

exclusão. A França não foi o único país atingi<strong>do</strong> por este fenómeno. To<strong>do</strong>s os países europeus mas<br />

também os EUA se confrontaram em proporções variáveis, com um crescimento importante <strong>do</strong> número de<br />

desemprega<strong>do</strong>s‖.

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