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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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III – DAS MODALIDADES DE TRATAMENTO: MODELO PORTAGE<br />

239<br />

Ao longo <strong>da</strong>s três últimas déca<strong>da</strong>s tem-se assisti<strong>do</strong> a uma diversificação de<br />

iniciativas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> na área <strong>da</strong>s toxicodependências, patente na multiplici<strong>da</strong>de de<br />

projectos que envolvem instituições públicas e priva<strong>da</strong>s (Instituto de Reinserção<br />

Social, Hospitais, Centros de Saúde, Clínicas, Autarquias, Estabelecimentos de<br />

Ensino, Instituições Particulares de Soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de Social...) e se definem como<br />

prioritariamente orienta<strong>do</strong>s quer para provocar mu<strong>da</strong>nças de comportamento e<br />

aquisição de novos valores, quer para a redução de riscos e de <strong>da</strong>nos, e, ain<strong>da</strong>, para o<br />

tratamento e reinserção de a<strong>do</strong>lescentes dependentes de substâncias psicotrópicas.<br />

Pretende-se, com tal multiplici<strong>da</strong>de de iniciativas, enfrentar os vários tipos<br />

de problemas decorrentes <strong>da</strong> imparável expansão <strong>do</strong>s consumos de substâncias<br />

psicotrópicas, inclusive por indivíduos ca<strong>da</strong> vez mais novos. Simultaneamente, são<br />

realiza<strong>da</strong>s alterações legislativas que consagram a superação <strong>da</strong> perspectiva que<br />

associa o consumo a comportamento desviante por uma outra que interpreta tais<br />

práticas como indício de <strong>do</strong>ença. Assim se evolui de uma perspectiva criminalizante e<br />

punitiva para uma visão teoricamente mais interessa<strong>da</strong> no tratamento ten<strong>do</strong> em vista a<br />

recuperação <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de viver uma vi<strong>da</strong> livre de drogas.<br />

O direito de ter acesso ao tratamento passa a ser reconheci<strong>do</strong> na própria<br />

legislação, caben<strong>do</strong> ao Ministério <strong>da</strong> Saúde a responsabili<strong>da</strong>de de disponibilizar<br />

recursos para tratar ou internar os indivíduos em instituições adequa<strong>da</strong>s.<br />

Teoricamente, as Políticas Sociais mais recentes expressam, nos textos oficiais, a<br />

intenção de potenciar a igual<strong>da</strong>de de oportuni<strong>da</strong>des no acesso aos meios de<br />

tratamento requeri<strong>do</strong>s para inverter trajectos de vi<strong>da</strong> marginais, remetam eles para a<br />

criação de estruturas organizacionais capacita<strong>da</strong>s para se constituírem em contextos<br />

de ressocialização ou para programas de acção assentes na concertação<br />

interinstitucional.<br />

Reportan<strong>do</strong>-nos à política de reinserção social especificamente dirigi<strong>da</strong> aos<br />

a<strong>do</strong>lescentes, procuraremos analisar a intervenção desenvolvi<strong>da</strong> no âmbito de uma<br />

comuni<strong>da</strong>de terapêutica <strong>do</strong> sector priva<strong>do</strong>. Interessa-nos reflectir acerca <strong>da</strong><br />

(in)adequação deste tipo de estrutura aos problemas e necessi<strong>da</strong>des específicos <strong>do</strong>s<br />

a<strong>do</strong>lescentes, particularmente <strong>do</strong>s que são originários <strong>da</strong>s fracções inferiores <strong>da</strong>s<br />

classes populares. A<strong>do</strong>lescentes cujas vi<strong>da</strong>s, já reporta<strong>da</strong>s em pontos anteriores,<br />

foram marca<strong>da</strong>s por fortíssimos constrangimentos que os impediram de obter recursos<br />

essenciais para acederem à inclusão social e à conquista de um senti<strong>do</strong> para a vi<strong>da</strong>.

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