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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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contraste entre o que dizem e o que fazem, que dissimulam os seus ver<strong>da</strong>deiros<br />

sentimentos e passam uma falsa imagem de si próprios fazem um insuficiente<br />

investimento na relação afectiva com os seus filhos? Poder-se-á afirmar que os pais<br />

que não cui<strong>da</strong>m de que os seus filhos percebam que a sua satisfação individual só é<br />

legítima quan<strong>do</strong> não implica o sofrimento <strong>do</strong>s outros evidenciam fraco investimento<br />

afectivo nos seus filhos? Quan<strong>do</strong> os pais reservam a maior parte <strong>do</strong> seu tempo<br />

quotidiano às activi<strong>da</strong>des profissionais, restan<strong>do</strong>-lhes apenas o mínimo compatível<br />

com os cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s mais elementares, quan<strong>do</strong> não têm tempo, nem disponibili<strong>da</strong>de, para<br />

conversar, brincar, para partilhar as dificul<strong>da</strong>des vivi<strong>da</strong>s, poderemos dizer que estamos<br />

em presença de um fraco investimento afectivo? Serão os pais que investem esforços<br />

consideráveis no bem-estar físico, assim como na formação escolar e cultural <strong>do</strong>s<br />

seus filhos, descuran<strong>do</strong> valores como a soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de, bons exemplos de investimento<br />

afectivo nos seus filhos? Os pais que descuram a formação crítica <strong>do</strong>s seus filhos a<br />

respeito <strong>da</strong> publici<strong>da</strong>de, <strong>do</strong>s programas de televisão e <strong>da</strong> discriminação social serão<br />

um bom exemplo de investimento afectivo? Poderão considerar-se afectuosos, os pais<br />

que não ensinam os filhos a enfrentar problemas, a conhecer os seus limites e a sua<br />

força? Poderá dizer-se que os pais que não ensinam os seus filhos a pensar, seja por<br />

negligência, seja por ignorância, evidenciam uma atitude afectiva consistente? Será<br />

legítimo dizer que os pais que deixam os filhos, horas a fio, entregues aos jogos de<br />

computa<strong>do</strong>r e a viajar na NET evidenciam uma atitude afectiva negativa? Serão<br />

aqueles que se demitem de gerar nos seus filhos capaci<strong>da</strong>des contemplativas um<br />

exemplo de não afecto na relação pais - filhos? Serão os pais que incentivam<br />

fortemente os seus filhos a procurar o sucesso no estu<strong>do</strong>, no trabalho e nas relações<br />

sociais um bom exemplo <strong>do</strong> que é o investimento afectivo? Poderá considerar-se que<br />

preparar os filhos para o sucesso, levan<strong>do</strong>-os a ter me<strong>do</strong> <strong>do</strong> insucesso, não os<br />

preparan<strong>do</strong> para enfrentar derrotas e fracassos, nem para reconhecer falhas e<br />

enfrentar críticas, é sinal de falta de investimento afectivo? E que dizer <strong>da</strong> afectivi<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong>s pais que não proporcionam a aquisição <strong>da</strong> perseverança, que não ensinam os<br />

filhos a enfrentar e a crescer com os seus próprios erros? Que dizer <strong>da</strong> afectivi<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong>s pais que não pedem desculpas, que nunca revelam os seus temores, que não<br />

ensinam os seus filhos a ver nas per<strong>da</strong>s oportuni<strong>da</strong>des para serem mais fortes e<br />

experientes? Que pensar <strong>da</strong> afectivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s pais que não se encarregam de educar a<br />

emoção? E os pais que não dialogam, que não falam sobre o mun<strong>do</strong> que nos cerca,<br />

que não falam sobre o mun<strong>do</strong> que somos, que não dialogam sobre os seus me<strong>do</strong>s,<br />

per<strong>da</strong>s e frustrações, os seus sonhos, alegrias, decepções? 179<br />

179 Augusto Curry, Pais brilhantes, professores fascinantes, Pergaminho, Cascais, 2007 e Nunca desista<br />

<strong>do</strong>s seus sonhos, Pergaminho, Cascais, 2005.<br />

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