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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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necessita. Quan<strong>do</strong> uma pessoa se deixa conduzir desta forma, não constrói na<strong>da</strong>, pelo<br />

contrário, alimenta sobretu<strong>do</strong> um tédio e um sofrimento existencial que pode chegar a<br />

exprimir-se através <strong>da</strong> violência.<br />

No que respeita ao plano educativo, T. Anatrella salienta que o aumento<br />

<strong>do</strong> consumo de droga remete para o facto de os adultos haverem envere<strong>da</strong><strong>do</strong> por<br />

concepções educativas que não aju<strong>da</strong>m o desenvolvimento <strong>da</strong> criança e <strong>do</strong><br />

a<strong>do</strong>lescente. Movi<strong>do</strong>s pelo desejo de serem reconheci<strong>do</strong>s e ama<strong>do</strong>s pelas crianças,<br />

os adultos evitam contrariá-las e acabam por negligenciar a sua educação moral.<br />

Num contexto ideológico francamente culpabilizante de tu<strong>do</strong> o que possa<br />

ser identifica<strong>do</strong> como imposição de limites e constrangimentos, para o que muito<br />

contribuem psicólogos e meios de comunicação, muitos pais e adultos não ousam<br />

afirmar-se diante <strong>da</strong>s crianças, colocan<strong>do</strong>-lhes limites. Tu<strong>do</strong> permitem sob o pretexto<br />

de respeitar a vontade <strong>da</strong> criança e, assim, acabam por criar ver<strong>da</strong>deiros tiranos. Não<br />

sabem fazer respeitar as horas <strong>da</strong>s refeições, de deitar, nem os diferentes rituais <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong> quotidiana em família, já não sabem transmitir às gerações jovens, apesar de<br />

estas lho pedirem, as simples referências que permitem definir o que é o bom e o que<br />

é o mau, demitem-se de ditar as regras e, confundin<strong>do</strong> <strong>da</strong>r atenção com tu<strong>do</strong> permitir,<br />

impedem a aprendizagem <strong>da</strong> obediência, <strong>do</strong> autocontrolo, assim como a interiorização<br />

de normas e valores que permitam construir a personali<strong>da</strong>de.<br />

A imagem de menino-rei remete, segun<strong>do</strong> este autor, para uma<br />

concepção de educação que é preciso ultrapassar criticamente, se queremos libertar<br />

as socie<strong>da</strong>des modernas desse problema civilizacional que é a dependência <strong>da</strong>s<br />

drogas.<br />

Se o consumo de droga coloca uma plurali<strong>da</strong>de de problemas a nível<br />

médico, social, político, económico, não deixa de colocar, igualmente, problemas a<br />

nível educativo. Esclareça-se que a dimensão educativa que está na origem <strong>da</strong><br />

toxicodependência remete para uma abor<strong>da</strong>gem que não deve ser meramente<br />

assimila<strong>da</strong> a um ponto de vista terapêutico, este pauta<strong>do</strong> por uma atitude neutra e<br />

benevolente. A atitude <strong>do</strong>s pais, professores e educa<strong>do</strong>res deve centrar-se noutras<br />

referências, designa<strong>da</strong>mente na dimensão moral que aju<strong>da</strong> a organizar as escolhas e<br />

os comportamentos.<br />

É, pois, numa perspectiva educativa e moral que abor<strong>da</strong> este fenómeno<br />

que põe em perigo o senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de humana, propon<strong>do</strong>-se discutir os problemas<br />

inerentes à educação e à formação moral. A tese principal em torno <strong>da</strong> qual gira o seu<br />

esforço de reflexão é a de que as jovens gerações <strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des contemporâneas<br />

mais desenvolvi<strong>da</strong>s se encontram hoje expostas a processos educativos que são<br />

atentatórios <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de própria de seres humanos responsáveis.<br />

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