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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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torna-me mais sociável‖. Assim se segue uma série de pensamentos automáticos<br />

inspira<strong>do</strong>s pela necessi<strong>da</strong>de imperativa de recorrer ao consumo <strong>da</strong> substância, que,<br />

por seu turno, induzem o accionamento de estratégias que permitam a sua aquisição e<br />

o seu consumo. Assim se fecha o círculo vicioso que reforça as crenças <strong>da</strong><br />

inevitabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> solidão.<br />

251<br />

Os objectivos <strong>da</strong> terapia cognitiva visam reduzir a angústia, ensinan<strong>do</strong> as<br />

aptidões necessárias para reconhecer, avaliar e mu<strong>da</strong>r processos cognitivos<br />

relevantes, a fim de, em fases posteriores, modificar os conjuntos de atitudes e<br />

crenças persistentes que formam a base <strong>da</strong> vulnerabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> paciente 259 .<br />

A abor<strong>da</strong>gem de um problema envolve os seguintes passos: identificar<br />

pensamentos automáticos; testar a sua precisão e viabili<strong>da</strong>de; desenvolver<br />

alternativas realistas; e identificar e desafiar esquemas de base ina<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>s.<br />

Existem três tipos de fenómenos cognitivos que determinam a<br />

psicopatologia, sobretu<strong>do</strong> as perturbações emocionais: pensamentos automáticos,<br />

distorções cognitivas e esquemas. Os pensamentos automáticos são-no na medi<strong>da</strong><br />

em que afluem espontaneamente, sen<strong>do</strong>, muitas vezes, difícil resistir-lhes. Apesar <strong>da</strong><br />

natureza ubíqua destes pensamentos automáticos, muitas pessoas não estão<br />

conscientes deles e precisam de aju<strong>da</strong> para desenvolver a habili<strong>da</strong>de de os ―apanhar‖<br />

antes de prosseguir com a terapia.<br />

As distorções <strong>da</strong> cognição traduzem-se em interpretações incorrectas <strong>da</strong><br />

reali<strong>da</strong>de que reforçam as conclusões negativas. Beck 260 descreve tipos específicos<br />

de distorções cognitivas, designa<strong>da</strong>mente a sobregeneralização (apenas um caso é<br />

toma<strong>do</strong> como exemplo de uma vasta gama de situações), o pensamento dicotómico<br />

(considera unicamente pontos de vista extremos), a abstracção selectiva (prestar<br />

atenção somente a aspectos negativos de uma situação), o personalizar (assumir que<br />

o próprio é a causa de um evento ou <strong>da</strong>s acções de outrem), as afirmações de “ter de”<br />

(imperativos absolutos são aplica<strong>do</strong>s ao comportamento <strong>do</strong> próprio ou de outros), o<br />

catastrofizar e minimizar (salientan<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s negativos e diminuin<strong>do</strong> os positivos).<br />

Os esta<strong>do</strong>s psicopatológicos resultam de esquemas cognitivos que<br />

facilitam a interpretação de situações em termos de ameaças ao self, designa<strong>da</strong>mente<br />

a per<strong>da</strong>, o fracasso, a rejeição e o perigo. Estes esquemas não são acessíveis sem<br />

uma considerável introspecção, uma vez que a sua influência tende a ser exerci<strong>da</strong><br />

através de processos inconscientes.<br />

A diferenciação <strong>da</strong>s psicoterapias relaciona-se com o papel atribuí<strong>do</strong> ao<br />

indivíduo no seu próprio processo de mu<strong>da</strong>nça. No modelo cognitivo comportamental,<br />

259<br />

Nicholas Allen, ―Psicoterapia Cognitiva‖ in (coordenação Sidney Bloch) Uma introdução às<br />

psicoterapias, op.cit., pág.185<br />

260<br />

Hassan Rahioui e Michel Reynaud, Terapias Cognitivo - comportamentais e Adicções, op. cit., pág. 45

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