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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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I - CRISE GENERALIZADA DOS MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO SOCIAL: A<br />

SOCIEDADE DE RISCO<br />

As modernas socie<strong>da</strong>des mais desenvolvi<strong>da</strong>s são protagonistas de uma<br />

série de dinâmicas evolutivas de contornos contundentes <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong>s<br />

processos de socialização <strong>do</strong>s indivíduos e <strong>da</strong> coesão social.<br />

A partir de mea<strong>do</strong>s <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de setenta, com a ascensão <strong>do</strong> liberalismo<br />

económico e a destruição, relativamente rápi<strong>da</strong>, <strong>do</strong> contrato social que havia vigora<strong>do</strong><br />

nas chama<strong>da</strong>s sociais-democracias europeias e norte americana, vem-se assistin<strong>do</strong> à<br />

progressiva e imparável destruição de muitas instituições gera<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> laço social.<br />

Esta análise é corrobora<strong>da</strong> por inúmeros autores, de proveniências<br />

disciplinares diversas, que analisam as modernas socie<strong>da</strong>des de risco em termos de<br />

desagregação <strong>do</strong>s costumes e <strong>do</strong> indivíduo.<br />

Capítulo 1 - NOVO CAPITALISMO E DECLÍNIO DO COLECTIVO<br />

As modernas socie<strong>da</strong>des ocidentais, em que Portugal se inclui, não<br />

obstante as particulari<strong>da</strong>des <strong>do</strong> seu desenvolvimento, enfrentam, desde há três<br />

déca<strong>da</strong>s, uma plurali<strong>da</strong>de de transformações cuja aceleração tem conduzi<strong>do</strong> à<br />

produção massiva de um conjunto de vulnerabili<strong>da</strong>des sociais.<br />

Se a origem <strong>da</strong>s dependências <strong>do</strong>s produtos psicotrópicos não descarta a<br />

influência <strong>do</strong>s factores internos ao indivíduo, isso não significa que tais factores se<br />

desenvolvam independentemente <strong>do</strong>s processos, mecanismos e lógicas inerentes à<br />

acção social, no seu conjunto. A extraordinária generalização <strong>do</strong>s riscos nas modernas<br />

socie<strong>da</strong>des, ditas desenvolvi<strong>da</strong>s, é um tema de estu<strong>do</strong> assumi<strong>do</strong> por numerosos<br />

autores que analisam o enfraquecimento, também ele generaliza<strong>do</strong>, <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> colectiva<br />

como um factor de sério agravamento <strong>da</strong>s fragili<strong>da</strong>des individuais.<br />

As condições em que ocorre a socialização <strong>do</strong>s mais jovens, nos<br />

diversos contextos que, ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, asseguram a aprendizagem <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social,<br />

apresentam contornos ver<strong>da</strong>deiramente problemáticos <strong>do</strong> ponto de vista <strong>da</strong> incerteza<br />

face às contingências <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Ora, um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>mínios <strong>da</strong> evolução que mais incerteza<br />

e insegurança terá gera<strong>do</strong> é precisamente o que remete para o funcionamento <strong>da</strong><br />

economia, na actual era <strong>da</strong> chama<strong>da</strong> globalização. A crise <strong>do</strong>s mecanismos de<br />

integração social pela economia parece ser um facto incontornável, não obstante a<br />

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