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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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<strong>do</strong> valor pessoal, quer condicionan<strong>do</strong> a construção de relações com outros em etapas<br />

posteriores <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, não será por certo desproposita<strong>do</strong> admitir que a experiência que<br />

os adultos tiveram na sua infância influencie o estilo parental que vão desenvolver com<br />

os seus próprios filhos 85 . É a essa a ideia trabalha<strong>da</strong> pelas teorias <strong>da</strong> transmissão<br />

intergeracional <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vinculação. Eis, então, como Bowlby 86 se aproxima <strong>da</strong><br />

perspectiva sociológica, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> conta de que a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vinculação se transmite<br />

ao longo de gerações, não pelos genes, mas pela micro-cultura familiar. De facto, são<br />

vários os estu<strong>do</strong>s empíricos que têm vin<strong>do</strong> a sustentar esta tese, assinalan<strong>do</strong> uma<br />

significativa concordância intergeracional na quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vinculação. Os modelos<br />

internos que os indivíduos constroem sobre si próprios e sobre as suas figuras de<br />

vinculação, constituí<strong>do</strong>s por expectativas e crenças, vão guiar e orientar o seu<br />

comportamento noutras relações e, nesse senti<strong>do</strong>, é de prever a possibili<strong>da</strong>de de uma<br />

perpetuação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vinculação 87 .<br />

Admitin<strong>do</strong> que o conhecimento <strong>do</strong> processo de vinculação é relevante<br />

para explicar o que precipita os indivíduos no consumo de substâncias psicotrópicas, é<br />

chega<strong>do</strong> o momento de nos determos sobre o mo<strong>do</strong> de medir ou operacionalizar este<br />

conceito, assim como de reflectir sobre os instrumentos técnicos adequa<strong>do</strong>s à referi<strong>da</strong><br />

operação de mensuração.<br />

George, Kaplan & Mary Main conceberam uma entrevista biográfica, de<br />

tipo clínico e semi-estrutura<strong>da</strong>, direcciona<strong>da</strong> para a identificação <strong>da</strong>s estratégias que o<br />

indivíduo acciona para regular a proximi<strong>da</strong>de psicológica com aqueles que ele próprio<br />

elege como significativos 88 , o mesmo é dizer, direcciona<strong>da</strong> para a avaliação <strong>da</strong><br />

capaci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> indivíduo analisar pensamentos, sentimentos e comportamentos<br />

relativos às experiências precoces de vinculação, assim como a sua capaci<strong>da</strong>de de<br />

analisar o impacto que estes possam ter na sua própria vi<strong>da</strong>. Saben<strong>do</strong>-se que o<br />

85<br />

Keith Oatley, e Jenniffer Jenkins, Compreender as Emoções, op. Cit., pág. 233.<br />

86<br />

Keith Oatley, e Jenniffer Jenkins,: Compreender as Emoções op. Cit., pág. 234 e Isabel Soares, op. cit.,<br />

pág. 60.<br />

87<br />

Isabel Soares, ―Vinculação: Questões Teóricas, Investigação e Implicações Clínicas”, op. cit., pág. 37. A<br />

análise <strong>do</strong> discurso e <strong>da</strong>s narrativas <strong>da</strong>s experiências de vinculação tem vin<strong>do</strong> a sustentar a noção <strong>da</strong><br />

existência de uma certa continui<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s modelos internos de vinculação…. Durante longo tempo<br />

direcciona<strong>da</strong> para o <strong>do</strong>mínio comportamental, a avaliação <strong>da</strong> vinculação passou a centrar-se, desde a<br />

déca<strong>da</strong> de 80, na dimensão interna <strong>do</strong> indivíduo, elegen<strong>do</strong> a representação e a linguagem relaciona<strong>da</strong>s<br />

com a vinculação como <strong>do</strong>mínios fun<strong>da</strong>mentais de acesso à compreensão <strong>do</strong>s modelos internos<br />

dinâmicos de vinculação em jovens e adultos.<br />

O recurso a instrumentos de avaliação distintos, consoante se tratou de avaliar a vinculação em crianças<br />

ou em jovens e adultos, obedeceu, contu<strong>do</strong>, a um princípio constante defendi<strong>do</strong> pela teoria <strong>da</strong> vinculação:<br />

o de aceder à compreensão <strong>da</strong> relação de vinculação, pela intensificação/activação <strong>do</strong> sistema<br />

comportamental <strong>da</strong> vinculação.<br />

88<br />

Main et al., 1985: cit in Soares & Macha<strong>do</strong>, ―Avaliação <strong>da</strong> Vinculação em Jovens e Adultos‖ in L.Almei<strong>da</strong><br />

e I. Ribeiro (orgs.) Avaliação Psicológica,Formas e Conteú<strong>do</strong>s, Alfor, Braga, 1993 págs. 58 e 59. Os<br />

procedimentos de avaliação <strong>da</strong> vinculação em Jovens e Adultos contou com a colaboração preciosa de<br />

Mary Main que, através <strong>da</strong> criação de um instrumento de avaliação - Adult Attachment Interview (AAI) –<br />

viabilizou a reconceptualização <strong>do</strong> conceito de vinculação, realçan<strong>do</strong> a importância <strong>do</strong>s modelos internos<br />

dinâmicos <strong>da</strong> vinculação<br />

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