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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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em amigos, eram mais conheci<strong>do</strong>s, conheci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> liceu, de saí<strong>da</strong>s à noite,<br />

amigos de amigos… o namora<strong>do</strong> <strong>da</strong> minha irmã também fuma… a minha<br />

irmã também já fumou, depois deixou, depois voltou… mas a minha melhor<br />

amiga já deixou.<br />

Acho que sempre me foi fácil o acesso à droga… no meu liceu fumava-se<br />

droga… a primeira vez que experimentei foi com uns amigos, gostei, e<br />

depois continuei… quan<strong>do</strong> consumia era geralmente em grupo, mas às<br />

vezes sozinha…é fácil para to<strong>da</strong> a gente consumir… porque basta querer,<br />

porque é fácil arranjar quem ven<strong>da</strong>, há muitos que fumam e que vendem, e<br />

droga há em to<strong>do</strong> o la<strong>do</strong>…<br />

Nunca tive me<strong>do</strong> nem de experimentar nem que me descobrissem… aliás<br />

eu contei à minha mãe e ela só me disse ―tem cui<strong>da</strong><strong>do</strong> que isso faz mal‖…<br />

mas a minha mãe é igualzinha a mim, com a diferença que tem mais<br />

maturi<strong>da</strong>de e é mais velha, mas também é um ―poço de aceitação‖… a<br />

minha mãe é uma adulta a<strong>do</strong>lescente, ou seja, é adulta mas tem facetas de<br />

a<strong>do</strong>lescente… a minha mãe também chegou a consumir, foi ela quem me<br />

disse, na altura foi o meu pai que lhe arranjou… recor<strong>da</strong>-se que eu lhe<br />

disse que o meu pai também traficava… eu quan<strong>do</strong> soube que o meu pai<br />

vendia droga revoltou-me… não sei bem quan<strong>do</strong> soube, com que i<strong>da</strong>de,<br />

mas essas conversas foram ti<strong>da</strong>s com a minha avó, a minha irmã, a minha<br />

mãe…hoje, sobre o meu pai, não penso nisso… mas sempre me revoltou<br />

ter sabi<strong>do</strong> que ele também morreu por causa <strong>da</strong> droga…<br />

Eu acho que traficar droga é uma maneira fácil de ganhar dinheiro… não<br />

acho que seja uma maneira correcta, mas ca<strong>da</strong> um sobrevive como pode…<br />

os traficantes a sério, mas a sério, vivem bem mas é à custa <strong>da</strong> droga. Não<br />

acho legítimo porque se está a vender uma coisa que prejudica a socie<strong>da</strong>de<br />

e ca<strong>da</strong> vez mais morre gente por causa disso…eles podiam vender era<br />

qualquer coisa que aju<strong>da</strong>sse a matar a dependência!!! Estou a ser irónica…<br />

porque as pessoas também se querem drogar… mesmo quan<strong>do</strong> as<br />

pessoas sabem que precisam de aju<strong>da</strong>, preferem adiar… mas entre os<br />

traficantes eu penso que há diferenças… por exemplo, se alguém rouba<br />

num supermerca<strong>do</strong> porque tem filhos para criar é uma coisa, se é para se<br />

drogar e vender é outra… ou então quem vende, não consome, mas vende<br />

para outros se drogarem… eu acho que estas situações são diferentes…<br />

acho que deviam ser confronta<strong>do</strong>s e as penas deveriam ser diferentes…<br />

por exemplo, eu não prendia o <strong>do</strong> supermerca<strong>do</strong> ou o que rouba para<br />

vender e consumir, <strong>da</strong>va-lhes uma pena como o ter de fazer um trabalho<br />

para a comuni<strong>da</strong>de… para muitas pessoas que traficam, as que têm mais<br />

dificul<strong>da</strong>des na vi<strong>da</strong>, está difícil encontrar trabalho e o recurso à ven<strong>da</strong> de<br />

droga é admissível, de certo mo<strong>do</strong>, porque permite fazer face aos<br />

problemas familiares… há sempre quem compre, quem queira consumir…<br />

quanto aos grandes traficantes, que nem se drogam mas que vivem <strong>da</strong><br />

morte de muitos outros, acho que deviam ser presos e que quan<strong>do</strong> saíssem<br />

deviam fazer um trabalho numa clínica para verem como deixam as<br />

pessoas…<br />

185<br />

A construção <strong>do</strong> self envolve a incorporação de um processo social que<br />

pode ser analisa<strong>do</strong> a partir de <strong>do</strong>is enfoques distintos: o eu, constituí<strong>do</strong> pela tendência<br />

impulsiva <strong>do</strong> indivíduo, pelo aspecto inicial, espontâneo e desorganiza<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

experiência humana; o mim, forma<strong>do</strong> pelo outro incorpora<strong>do</strong> no indivíduo. Em suma, o<br />

self inclui o conjunto organiza<strong>do</strong> de atitudes e definições, compreensões e<br />

expectativas comuns ao grupo, conjunto esse que resulta de um processo de<br />

interacção entre um eu e um mim, sen<strong>do</strong> que o primeiro culmina sempre no segun<strong>do</strong>.

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