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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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comportamentos às normas. A intervenção terapêutica consiste não propriamente em<br />

atenuar a <strong>do</strong>r causa<strong>da</strong> por acções irresponsáveis, mas, isso sim, em desenvolver na<br />

pessoa a capaci<strong>da</strong>de de retirar satisfação <strong>da</strong>s responsabili<strong>da</strong>des assumi<strong>da</strong>s e de<br />

suportar as <strong>do</strong>res que necessariamente acompanham a concretização de uma vi<strong>da</strong><br />

bem preenchi<strong>da</strong>.<br />

271<br />

A arte <strong>da</strong> terapia <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de consiste em levar a pessoa a avaliar a sua<br />

vi<strong>da</strong>, a rever os seus valores e a tomar decisões mais eficazes. Para estabelecer uma<br />

relação que favoreça a mu<strong>da</strong>nça, o ―terapeuta <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de‖ deve seguir alguns <strong>do</strong>s<br />

mais importantes princípios concebi<strong>do</strong>s por Rogers a respeito <strong>da</strong> relação de aju<strong>da</strong>:<br />

escutar a pessoa; aju<strong>da</strong>r o indivíduo a encontrar meios mais eficazes para satisfazer<br />

as suas necessi<strong>da</strong>des; demonstrar a sua implicação para aju<strong>da</strong>r o indivíduo;<br />

estabelecer uma relação autêntica; centrar-se sobre o presente; não julgar nem punir;<br />

aju<strong>da</strong>r a pessoa a evitar a armadilha <strong>da</strong>s desculpas para explicar os seus<br />

comportamentos destrutivos; favorecer a aprendizagem <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de e <strong>da</strong><br />

integri<strong>da</strong>de.<br />

Reportan<strong>do</strong>-nos novamente aos jovens que conhecemos na Clínica <strong>do</strong><br />

Outeiro e cujos percursos de vi<strong>da</strong> nos dispusemos a reconstruir, é altura de começar a<br />

problematizar os obstáculos que tornam a aprendizagem acima referi<strong>da</strong> dilemática,<br />

assim como as condições necessárias à sua implementação.<br />

Sen<strong>do</strong> inquestionável que a toxicodependência na a<strong>do</strong>lescência assume<br />

contornos específicos por relação aos adultos, desde logo porque a pertença a um<br />

grupo de pares é mais premente nesta fase <strong>do</strong> desenvolvimento, é preciso ter em<br />

conta as necessi<strong>da</strong>des específicas desta fase <strong>do</strong> desenvolvimento psicológico e social<br />

<strong>do</strong>s seres humanos. É preciso, igualmente, ter em conta que as vi<strong>da</strong>s <strong>do</strong>s<br />

a<strong>do</strong>lescentes a que nos referimos foram, desde muito ce<strong>do</strong>, oprimi<strong>da</strong>s pela falta de<br />

algumas <strong>da</strong>s condições que os especialistas consideram determinantes para a<br />

formação <strong>do</strong> ego, que o mesmo é dizer, para aprender a elaborar os impulsos, ten<strong>do</strong><br />

em conta as reali<strong>da</strong>des exteriores.<br />

Se tomarmos a teoria <strong>do</strong> desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson como<br />

uma ferramenta de análise não poderemos deixar de concluir que o crescimento<br />

psicológico destes a<strong>do</strong>lescentes foi seriamente dificulta<strong>do</strong>, uma vez que não lhes foi<br />

permiti<strong>do</strong> superar, de mo<strong>do</strong> adequa<strong>do</strong>, os estádios e fases inerentes ao<br />

desenvolvimento. As interacções que os envolveram e de que fizeram parte não<br />

permitiram resolver as sucessivas crises psicossociais inerentes ao desenvolvimento<br />

psicossocial. O contexto material e relacional em que ocorreram as suas curtas vi<strong>da</strong>s,<br />

nem de perto, nem de longe, lhes proporcionou as condições necessárias para saírem

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