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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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To<strong>da</strong>s as directrizes e decisões toma<strong>da</strong>s pelos monitores e/ou técnicos<br />

devem ser respeita<strong>da</strong>s e cumpri<strong>da</strong>s, sen<strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s os cargos e estatutos estão<br />

imbuí<strong>do</strong>s de algum grau de poder, de acor<strong>do</strong> com a posição na hierarquia.<br />

No interior de ca<strong>da</strong> estatuto poderão diferenciar-se vários cargos. Com<br />

excepção <strong>do</strong>s novos membros, to<strong>do</strong>s os restantes estatutos são passíveis de receber<br />

um cargo que implicitamente traduz a evolução <strong>do</strong> indivíduo, em matéria de<br />

responsabili<strong>da</strong>de e autonomia no estatuto. To<strong>do</strong>s os cargos são atribuí<strong>do</strong>s por<br />

nomeação <strong>do</strong> corpo terapêutico ou pelo monitor responsável com o conhecimento<br />

prévio <strong>do</strong>s restantes terapeutas. A finali<strong>da</strong>de de experimentar a vivência destes cargos<br />

é treinar responsabili<strong>da</strong>des, liderança, relação com o poder, gestão <strong>do</strong> tempo e saber<br />

li<strong>da</strong>r, designa<strong>da</strong>mente, com as frustrações advin<strong>da</strong>s <strong>da</strong> não adesão ou de<br />

incumprimentos ocasionais <strong>da</strong>queles por quem se é responsável. O treino de to<strong>da</strong>s<br />

estas competências, em comuni<strong>da</strong>de, é uma aprendizagem essencial para que os<br />

indivíduos se possam inserir positivamente em contextos sociais reais, ajustan<strong>do</strong> os<br />

seus interesses à organização social.<br />

A comuni<strong>da</strong>de terapêutica representa um contexto altamente estrutura<strong>do</strong> em<br />

torno de limites ético-morais bem estabeleci<strong>do</strong>s. Neste espaço, as pessoas trabalham<br />

conjuntamente, aju<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-se a si próprias na precisa medi<strong>da</strong> em que aju<strong>da</strong>m os outros.<br />

A retira<strong>da</strong> <strong>do</strong> indivíduo <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, para passar a viver num contexto protegi<strong>do</strong> que<br />

cria a oportuni<strong>da</strong>de de aprender a comportar-se de acor<strong>do</strong> com princípios, valores e<br />

regras, explícita e sistematicamente, trabalha<strong>da</strong>s e defendi<strong>da</strong>s por to<strong>do</strong>s, é<br />

considera<strong>da</strong> uma condição necessária para diminuir o risco e concentrar a atenção na<br />

problemática pessoal nuclear.<br />

Para que o indivíduo tome progressivamente consciência <strong>da</strong> problemática<br />

<strong>da</strong> dependência é preciso que lhe seja faculta<strong>da</strong> a possibili<strong>da</strong>de de exercitar um<br />

trabalho terapêutico a tempo inteiro. Viver num espaço fecha<strong>do</strong>, numa nova família<br />

onde é possível experienciar a atenção, a compreensão e o suporte <strong>do</strong>s indivíduos<br />

que partilham vivências semelhantes constitui o elemento facilita<strong>do</strong>r necessário para<br />

que o indivíduo tome uma consciência crescente <strong>da</strong> problemática <strong>da</strong> dependência e<br />

outras de ín<strong>do</strong>le pessoal adjacentes, para que apren<strong>da</strong>, enfim, a expressar as<br />

experiências emocionais mais gratificantes e mais <strong>do</strong>lorosas. Neste mesmo espaço, os<br />

indivíduos aprendem a desenvolver a capaci<strong>da</strong>de de <strong>da</strong>r expressão às suas<br />

competências e potenciali<strong>da</strong>des, atributos que são transferíveis para um novo estilo de<br />

vi<strong>da</strong>, mais feliz, mais produtivo e isento de drogas, aprenden<strong>do</strong> a retirar prazer de<br />

situações que resultam <strong>do</strong> esforço e <strong>da</strong> conquista, bem como a li<strong>da</strong>r com a frustração.

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