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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Clara<br />

Rui<br />

Júlia<br />

escola… o grupo com quem an<strong>da</strong>va tinha um ou <strong>do</strong>is com curso, mas os<br />

outros não achavam que eu precisasse <strong>da</strong> escola para poder participar nas<br />

activi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> grupo… acho eu… comecei muito novo a ter bons momentos<br />

sem esforço, a não ser a cautela para não ser apanha<strong>do</strong>… nesse ambiente<br />

ninguém falava <strong>da</strong> escola e em casa também não… hoje acho que a escola é<br />

importante… para se ter um futuro… a vi<strong>da</strong> que eu tive não foi na<strong>da</strong>, ou<br />

melhor, foi to<strong>do</strong> um caminho que não tem futuro… a continuar aquele<br />

caminho mais tarde ou mais ce<strong>do</strong> é para ser preso…‖.<br />

―Eu ia à escola. Quan<strong>do</strong> passei <strong>da</strong> família de acolhimento para o colégio<br />

estava a frequentar o 6º ano, mas não cheguei a concluir… aí, como lhe<br />

disse, tu<strong>do</strong> se complicou… comecei a <strong>da</strong>r-me com raparigas que consumiam<br />

drogas e comecei a faltar às aulas… eu sempre fui às aulas porque a minha<br />

família me man<strong>da</strong>va, sabia que era importante para vir a ter um trabalho, mas<br />

não se falava muito sobre a escola e o porquê de ter um emprego na vi<strong>da</strong>…<br />

assim quan<strong>do</strong> comecei a consumir essas ideias deixaram de ter valor…o<br />

importante era a vi<strong>da</strong> que podia levar… era de mais liber<strong>da</strong>de… não pensava<br />

se estava a fazer mal a mim própria… claro que sabia que ao faltar não<br />

estava a cumprir, mas era-me indiferente… não percebia qual o senti<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

escola… acho que nem pensava nisso… depois, ten<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong> não sabe<br />

bem-estar nas aulas… não se está com atenção nem apetece na<strong>da</strong> ouvir<br />

falar <strong>da</strong>queles assuntos… às vezes até dá vontade é de virar tu<strong>do</strong>…‖.<br />

―Eu às vezes ia à escola. Tenho o 4º ano. Comecei a fazer o 5º ano… já<br />

reprovei várias vezes… não gosto <strong>da</strong> escola … eu o que gosto é de futebol e<br />

de jogar playstation. Também ninguém me obrigava a ir à escola… a minha<br />

avó queria mas sabia lá se eu ia ou não ia…eu faltava às aulas e pronto…<br />

an<strong>da</strong>va sempre com os meus amigos… nos roubos, nas brincadeiras e nos<br />

consumos… sei lá se a escola serve para alguma coisa…eu não acho na<strong>da</strong><br />

interessante…<br />

Aqui na clínica vou às aulas mas nem sempre…às vezes é o professor que<br />

me vem chamar…não gosto <strong>da</strong>s aulas, não gosto <strong>do</strong> que se ensina, não<br />

percebo para que serve a escola…‖<br />

―Frequentei o 8º ano de escolari<strong>da</strong>de com 16 anos. Desde os sete anos que<br />

sempre fui à escola. Era uma aluna razoável. Mas quan<strong>do</strong> estava a fazer o<br />

sétimo ano, an<strong>da</strong>va com amigos mais velhos consumi<strong>do</strong>res de ―ganza‖ e eu<br />

quis experimentar e chumbei… reprovei por faltas… nessa altura deixei de ir<br />

às aulas porque queria fazer outras coisas… foi quan<strong>do</strong> comecei a conhecer<br />

pessoas diferentes, que faziam coisas diferentes… comecei a sentir mais<br />

liber<strong>da</strong>de e ora… até ao 6º ano sempre tinha esta<strong>do</strong> habitua<strong>da</strong> a uma certa<br />

rotina, era mais controla<strong>da</strong>… estas novas pessoas eram diferentes de tu<strong>do</strong><br />

aquilo que eu tinha conheci<strong>do</strong> até aí… eram pessoas que tinham liber<strong>da</strong>de,<br />

faziam o que queriam e eu não… sempre tinha si<strong>do</strong> muito controla<strong>da</strong> no<br />

colégio… além disso foram essas pessoas que me trouxeram a experiência<br />

<strong>da</strong> droga… é um facto que foi quan<strong>do</strong> comecei a fazer vi<strong>da</strong> com estas<br />

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