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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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ealiza<strong>do</strong> no quadro restrito de uma comuni<strong>da</strong>de terapêutica. A acumulação de<br />

rupturas nos curtos percursos de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s jovens implica respostas diversifica<strong>da</strong>s que,<br />

por seu turno, não deixarão de requerer investimentos convictos com vista à reunião<br />

<strong>do</strong>s meios necessários para que obtenham instrução, relacionamentos sociais mais<br />

diversifica<strong>do</strong>s, acolhe<strong>do</strong>res e securizantes e desafia<strong>do</strong>res. No fun<strong>do</strong>, essa é a nossa<br />

convicção, o tratamento <strong>da</strong>s toxicodependências obterá maior eficácia se as<br />

instituições forem capazes de contrariar o fenómeno <strong>da</strong> corrosão <strong>do</strong> carácter de que<br />

fala Sennett, ou seja, se derem contributos relevantes para que a preocupação com os<br />

outros cresça e a reconstrução <strong>do</strong>s laços sociais seja possível. E isso, como acima já<br />

se disse, passa pela criação de condições de efectiva concretização <strong>do</strong> direito de<br />

crescer a to<strong>do</strong>s.<br />

345<br />

A vi<strong>da</strong> associativa será uma via de integração social quer para os menos,<br />

quer para os mais favoreci<strong>do</strong>s à escala local. Apesar de incapaz de investir muito<br />

significativamente sobre os movimentos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> económica, o associativismo pode<br />

propor regras constitutivas <strong>da</strong> soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de entre os membros <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

compreendi<strong>da</strong> como um to<strong>do</strong>. Se direccionar a sua intervenção para o envolvimento<br />

de um número crescente de ci<strong>da</strong>dãos na elevação <strong>da</strong>s oportuni<strong>da</strong>des não somente<br />

<strong>do</strong>s excluí<strong>do</strong>s, mas, igualmente, <strong>do</strong>s que, apesar de possui<strong>do</strong>res de recursos, não<br />

conhecem mo<strong>do</strong>s de se ligarem nem de se sentirem preenchi<strong>do</strong>s, o associativismo<br />

representará o exercício <strong>da</strong> margem de liber<strong>da</strong>de possível no que respeita à<br />

diminuição <strong>do</strong>s riscos sociais. A acção colectiva em torno <strong>da</strong> reunião de condições e<br />

de projectos de vi<strong>da</strong> será, além <strong>do</strong> mais, a condição necessária para que as<br />

intervenções terapêuticas não fiquem prisioneiras de um psicologismo que oscila entre<br />

a ingenui<strong>da</strong>de e o cinismo. A socie<strong>da</strong>de é regula<strong>da</strong> por uma ordem que só é<br />

determinística enquanto permanece desconheci<strong>da</strong>. Cabe, em particular, aos ci<strong>da</strong>dãos<br />

que podem aceder à compreensão dessa ordem determinística lançar as bases de<br />

experimentações expressamente concebi<strong>da</strong>s para responder às necessi<strong>da</strong>des que<br />

analisamos ao longo deste trabalho.

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