17.04.2013 Views

Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

monitores desempenham um papel fulcral neste processo de confronto entre a<br />

fantasia e a reali<strong>da</strong>de.<br />

241<br />

O indivíduo tem ain<strong>da</strong> de aprender a ―linguagem <strong>do</strong>s sentimentos‖, isto é,<br />

tem que ser capaz de identificar o que sente e em que situações, os motivos que o<br />

levam a sentir desse mo<strong>do</strong>, e, finalmente, saber li<strong>da</strong>r com o que sente.<br />

O espaço terapêutico, propriamente dito, é cria<strong>do</strong> através <strong>da</strong> interacção<br />

quotidiana entre toxicodependentes e profissionais, sen<strong>do</strong> que parte destes é forma<strong>da</strong><br />

por toxicodependentes em recuperação que fizeram o programa com êxito. A sua<br />

integração na equipa profissional é, desde logo, pertinente porque fornecem<br />

testemunhos consistentes sobre o que sentem e fazem os toxicodependentes. Por<br />

isso, são elementos preciosos para desmontar as fantasias que instalam o<br />

toxicodependente fora <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. Com o suporte de profissionais especializa<strong>do</strong>s é<br />

possível compreender, mais profun<strong>da</strong>mente, de que forma o indivíduo se organiza no<br />

mun<strong>do</strong> <strong>da</strong>s drogas.<br />

Na Comuni<strong>da</strong>de Terapêutica não existe a dicotomia ―Nós/Eles‖. To<strong>do</strong>s<br />

podem assumir qualquer função, sen<strong>do</strong> que o indivíduo poderá percorrer um caminho<br />

que se inicia com as tarefas mais simples e vai progredin<strong>do</strong> para a execução de<br />

tarefas de maior responsabili<strong>da</strong>de. A vi<strong>da</strong> na Comuni<strong>da</strong>de Terapêutica organiza-se<br />

através <strong>da</strong> participação de to<strong>do</strong>s nas tarefas requeri<strong>da</strong>s, tais como preparação de<br />

alimentos, limpeza <strong>do</strong>s jardins e <strong>do</strong>s espaços colectivos, limpeza <strong>do</strong>s quartos<br />

pessoais, tratamento <strong>da</strong>s roupas, serviços de telefone e de recepção,<br />

responsabili<strong>da</strong>des na realização <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong>des terapêuticas. Ao residente é<br />

delinea<strong>do</strong> um trajecto que pressupõe a conquista gradual de cargos e de estatutos,<br />

ten<strong>do</strong> forçosamente que ocupar algumas <strong>da</strong>s posições mais eleva<strong>da</strong>s na hierarquia<br />

social <strong>da</strong> instituição para que o programa se considere completo. O resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

desempenho é sempre avalia<strong>do</strong>, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> lugar a reforços positivos ou negativos que,<br />

em algumas situações, se expressam através de sanções que podem traduzir-se na<br />

regressão <strong>do</strong> estatuto e/ou demissão de um cargo.<br />

Esta estrutura hierárquica permite que ca<strong>da</strong> um saiba a quem se dirigir para<br />

resolver um problema e, além disso, confere responsabili<strong>da</strong>des a fim de que os<br />

residentes apren<strong>da</strong>m a <strong>da</strong>r e receber directrizes, treinan<strong>do</strong> as competências<br />

necessárias ao exercício <strong>do</strong> poder e à aceitação <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de e responsabilizan<strong>do</strong>-se<br />

pelo bem estar de si próprio e <strong>do</strong> colectivo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!