17.04.2013 Views

Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

crescer individual e socialmente. Até que ponto ela constitui um meio faclita<strong>do</strong>r <strong>da</strong><br />

reparação e desenvolvimento <strong>do</strong>s laços vinculativos iniciais, indispensáveis na<br />

construção <strong>do</strong> eu, até que ponto cui<strong>da</strong> de criar as condições de desenvolvimento<br />

emocional e cognitivo.<br />

281<br />

Como defende Winnicott 285 , a reali<strong>da</strong>de que apreendemos é mediatiza<strong>da</strong><br />

pelos outros significativos, de tal forma que a visão que estes constroem acerca <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> se transforma ―no‖ mun<strong>do</strong> 286 . Como assinalam Berger e Luckmann, o ponto<br />

inicial <strong>da</strong> apreensão <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de é a interiorização <strong>do</strong>s princípios de classificação, de<br />

interpretação e de senti<strong>do</strong> que fazem parte <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s outros significativos,<br />

apreensão que começa com o facto de o indivíduo ―assumir‖ o mun<strong>do</strong> <strong>da</strong>queles que<br />

fazem parte <strong>do</strong> seu universo interactivo.<br />

Ora, se atentarmos no facto de os a<strong>do</strong>lescentes aí acolhi<strong>do</strong>s haverem si<strong>do</strong><br />

retira<strong>do</strong>s <strong>da</strong> família, faz to<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> que nos interroguemos se lhes são<br />

proporciona<strong>da</strong>s figuras responsivas e atentas com as quais seja possível recriar a<br />

relação simbiótica inicial e assim poder partir para a autonomização.<br />

Quais as principais necessi<strong>da</strong>des que a instituição terapêutica deve cui<strong>da</strong>r<br />

de reparar para que os a<strong>do</strong>lescentes se tornem adultos socialmente integra<strong>do</strong>s,<br />

responsáveis e psiquicamente organiza<strong>do</strong>s? Quais os principais obstáculos que<br />

enfrenta para criar um contexto de ressocialização ver<strong>da</strong>deiramente repara<strong>do</strong>r? Como<br />

poderiam ser contorna<strong>do</strong>s?<br />

Terá a instituição terapêutica capaci<strong>da</strong>de para organizar a sua dinâmica<br />

relacional em torno <strong>da</strong> reparação <strong>da</strong>s conquistas típicas <strong>do</strong>s 3º e 4º estádios <strong>do</strong><br />

desenvolvimento?<br />

9.3. Será que a oferta de um meio terapêutico fecha<strong>do</strong> pode suprir as<br />

falhas persistentes que avassalam o mun<strong>do</strong> social <strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes em causa?<br />

Diz Erikson que o terceiro estádio, <strong>da</strong> iniciativa/culpa, é um perío<strong>do</strong> decisivo<br />

para uma maior compreensão <strong>da</strong>s coisas e <strong>da</strong>s pessoas, assim como para a obtenção<br />

de uma linguagem que permite manter conversas, colocar questões, verbalizar<br />

necessi<strong>da</strong>des, desejos, sentimentos e pensamentos, que torna possível experimentar<br />

e projectar-se em papéis diversifica<strong>do</strong>s, tu<strong>do</strong> isso base indispensável na construção <strong>da</strong><br />

identi<strong>da</strong>de.<br />

285 Cfr. Carlota Teixeira, O Tecer e o Crescer – Fios e Desafios , pág. 84 e 85<br />

286 Peter Berger & Thomas Luckman, A construção social <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, op. cit., p.22

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!