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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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ponderação <strong>da</strong>s suas vantagens e limitações por, em estreita relação com a natureza<br />

<strong>do</strong> objecto e os objectivos defini<strong>do</strong>s, escolher uma meto<strong>do</strong>logia de tipo qualitativo,<br />

filia<strong>da</strong> na fenomenologia e na filosofia hermenêutica.<br />

Tomamos por referência a proposta de Cândi<strong>do</strong> <strong>da</strong> Agra 95 quan<strong>do</strong> afirma<br />

que a compreensão <strong>do</strong>s comportamentos de consumo de drogas requer uma<br />

abor<strong>da</strong>gem teórica que privilegie a análise <strong>da</strong>s estruturas, <strong>do</strong>s funcionamentos e<br />

processos <strong>do</strong>s indivíduos consumi<strong>do</strong>res nos seus contextos sociais, permitin<strong>do</strong> a<br />

compreensão <strong>do</strong> fenómeno <strong>da</strong> droga no plano <strong>da</strong> significação existencial.<br />

Partilhamos com o autor a ideia de que as virtuali<strong>da</strong>des de um méto<strong>do</strong> se<br />

inscrevem nas possibili<strong>da</strong>des que ele oferece para a compreensão <strong>do</strong> objecto em<br />

estu<strong>do</strong> e as meto<strong>do</strong>logias qualitativas são particularmente úteis na desocultação de<br />

processos e de significa<strong>do</strong>s, logo, particularmente adequa<strong>da</strong> no caso presente,<br />

quan<strong>do</strong> se pretende aceder a posições sociais, a trajectórias de vi<strong>da</strong>, à compreensão<br />

<strong>do</strong> processo de construção de significações no tempo, em estreita relação com as<br />

dinâmicas e influências <strong>da</strong>s estruturas de socialização com as quais os a<strong>do</strong>lescentes,<br />

com comportamentos de consumo de drogas, foram interagin<strong>do</strong> ao longo <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>.<br />

Sen<strong>do</strong> o nosso objecto de investigação fenómeno ao mesmo tempo social e<br />

individual, simultaneamente induzi<strong>do</strong> pelo social exterior e pelo social interioriza<strong>do</strong><br />

pelo sujeito, será aconselhável, segun<strong>do</strong> Giddens 96 , envere<strong>da</strong>r por uma estratégia<br />

meto<strong>do</strong>lógica pluralista que capte as acções individuais investi<strong>da</strong>s de significa<strong>do</strong>s,<br />

acções que traduzem ou revelam o efeito <strong>da</strong>s estruturas sociais mas são também<br />

decisivas para a própria definição dessas estruturas. De facto, e segun<strong>do</strong> este autor, a<br />

acção não é redutível à intencionali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s actores, ela produz-se nas (para além de<br />

reproduzir as) condições fixa<strong>da</strong>s pela estrutura. É, assim, a partir <strong>da</strong> ruptura com as<br />

filosofias idealistas, que reduzem a acção humana a um mero processo resultante <strong>da</strong>s<br />

subjectivi<strong>da</strong>des individuais, mas também com as correntes funcionalistas e<br />

estruturalistas, que subestimam a importância <strong>da</strong> consciência prática <strong>do</strong>s actores, que<br />

Giddens desenvolve a sua teoria <strong>da</strong> estruturação como dialéctica <strong>da</strong>s estruturas<br />

objectivas e subjectivas.<br />

Esta perspectiva <strong>do</strong> social enquanto reali<strong>da</strong>de ao mesmo tempo exterior e<br />

interior foi igualmente desenvolvi<strong>da</strong> por Pierre Bourdieu, um autor obrigatório sempre<br />

que nos confrontamos com a necessi<strong>da</strong>de de reflectir sobre as estratégias<br />

meto<strong>do</strong>lógicas de recolha e tratamento de informação empírica. O seu modelo de<br />

―construtivismo estrutural‖ inspira-se numa reelaboração exaustiva e profun<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />

95 Cândi<strong>do</strong> <strong>da</strong> Agra, ―Sujet autopoiétique et toxicodépen<strong>da</strong>nce‖. Centre International de Criminologie<br />

Comparée de Montréal, 1991 (<strong>do</strong>cumento policopia<strong>do</strong>).<br />

96 Giddens, Anthony (1989): A Constituição <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de, Livraria Martins Fontes Editora, São Paulo.<br />

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