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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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estão, afinal, ―em contra mão‖ e perceber que ―o certo está erra<strong>do</strong>‖ 304 .<br />

Como deverá a Comuni<strong>da</strong>de organizar-se em função deste objectivo?<br />

304<br />

Como pretender que os referi<strong>do</strong>s a<strong>do</strong>lescentes façam os percursos<br />

normativos estabeleci<strong>do</strong>s pela psicologia? Que oportuni<strong>da</strong>des lhes são ofereci<strong>da</strong>s?<br />

Corresponderão àquilo de que realmente necessitam? Terá esta instituição<br />

capaci<strong>da</strong>de para substituir o papel familiar na construção de relações afectivas<br />

saudáveis, base <strong>da</strong> aprendizagem <strong>do</strong>s afectos, <strong>da</strong>s normas e valores vigentes, <strong>da</strong><br />

construção de uma identi<strong>da</strong>de saudável, em que o indivíduo se reconheça como ser<br />

autónomo, capaz e igual entre iguais?<br />

Específico <strong>do</strong> estádio <strong>do</strong> desenvolvimento que ocorre no perío<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

a<strong>do</strong>lescência, é o dilema que Erickson denomina identi<strong>da</strong>de/confusão de<br />

identi<strong>da</strong>de, um perío<strong>do</strong> decisivo para a aquisição de uma identi<strong>da</strong>de psicossocial,<br />

desde logo porque requer <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente que seja capaz de definir o seu próprio<br />

papel no mun<strong>do</strong> e que tome consciência <strong>da</strong> sua singulari<strong>da</strong>de. A recapitulação e<br />

redefinição <strong>do</strong>s elementos de identi<strong>da</strong>de adquiri<strong>do</strong>s anteriormente desembocam numa<br />

crise peculiarmente intensa em virtude <strong>da</strong>s incertezas e in<strong>da</strong>gações acerca <strong>do</strong> futuro.<br />

Este autor considera a a<strong>do</strong>lescência a fase mais crítica <strong>do</strong> ciclo vital, estan<strong>do</strong> a sua<br />

superação dependente <strong>da</strong> aquisição <strong>da</strong>s competências que ao longo <strong>do</strong>s anteriores<br />

estádios de desenvolvimento psicossocial deveriam ter si<strong>do</strong> adquiri<strong>da</strong>s. O a<strong>do</strong>lescente<br />

que possui a capaci<strong>da</strong>de de pensar abstractamente pode projectar-se no futuro, tecer<br />

itinerários de vi<strong>da</strong>, formular juízos de valor, questionar o instituí<strong>do</strong> e pensar formas de<br />

organizar e li<strong>da</strong>r com a reali<strong>da</strong>de. A capaci<strong>da</strong>de de reflectir acerca <strong>do</strong> seu próprio<br />

pensamento e <strong>do</strong> pensamento <strong>do</strong>s outros permite encontrar uma forma particular de<br />

ser, de pensar, de actuar e sentir, em suma, permite definir a própria identi<strong>da</strong>de.<br />

A a<strong>do</strong>lescência é teoricamente um perío<strong>do</strong> de procura e especulação, em<br />

que a vi<strong>da</strong> é pensa<strong>da</strong> em função <strong>do</strong> futuro, em que os papéis sociais até aí<br />

desempenha<strong>do</strong>s são revistos, procuran<strong>do</strong> ajustá-los aos sonhos, projectos e<br />

exigências sociais. A a<strong>do</strong>lescência equivale a um perío<strong>do</strong> de permissivi<strong>da</strong>de<br />

selectiva 305 em que o jogo e a contestação representam uma espécie de espera <strong>do</strong>s<br />

futuros investimentos adultos. É nesta altura que vários agentes de socialização<br />

exercem pressão para que o jovem assuma responsabili<strong>da</strong>des e tome decisões,<br />

principalmente <strong>do</strong> foro escolar e profissional. Erikson considera que os rituais sociais<br />

de entra<strong>da</strong> na i<strong>da</strong>de adulta, tal como a escolha <strong>da</strong> área profissional, facilitam a<br />

304 Cfr. Carlota Teixeira, O Tecer e o Crescer – Fios e Desafios ,op. cit., pág. 128.<br />

305 Cfr. Carlota Teixeira, O Tecer e o Crescer – Fios e Desafios ,op. cit., pág. 134.

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