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Maria Luisa Pinto.pdf - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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experiências vivi<strong>da</strong>s. A subjectivi<strong>da</strong>de interpretativa <strong>do</strong> vivi<strong>do</strong> constitui, assim, uma<br />

prática discursiva <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de que resulta de um contexto de interacção social onde<br />

intervêm os significa<strong>do</strong>s que o outro atribui à situação e os senti<strong>do</strong>s que o próprio<br />

atribui em função de experiências de vi<strong>da</strong> anteriores.<br />

Em ca<strong>da</strong> nova situação o sujeito mobiliza os significa<strong>do</strong>s construí<strong>do</strong>s para<br />

<strong>da</strong>r senti<strong>do</strong> ao facto social que experimenta. Mesmo quan<strong>do</strong> o sujeito se encontra<br />

isola<strong>do</strong>, o diálogo que estabelece consigo próprio é sempre um processo dinâmico, de<br />

produção de senti<strong>do</strong>s e significa<strong>do</strong>s que remete para a relação com outros<br />

significativos, ―diferentes vozes‖ e ―posições subjectivas‖ 99 . Particularmente importante,<br />

então, neste contexto, a ideia oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong>s teorias <strong>do</strong> Interaccionismo Simbólico 100 de<br />

que o significa<strong>do</strong> que os seres humanos atribuem às coisas é o resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

interacção social que os indivíduos mantêm com os outros.<br />

Manipula<strong>do</strong>s e modifica<strong>do</strong>s através de um processo interpretativo, os<br />

significa<strong>do</strong>s elabora<strong>do</strong>s são estrutura<strong>do</strong>res <strong>da</strong> acção humana, pelo que os seres<br />

humanos reagem às situações de acor<strong>do</strong> com os significa<strong>do</strong>s que lhes atribuem. Na<br />

base <strong>do</strong>s processos de interacção social está, assim, a capaci<strong>da</strong>de humana de<br />

partilhar símbolos e significa<strong>do</strong>s. Na construção <strong>da</strong> história pessoal, o que se vive<br />

consigo próprio e com o outro permite ir elegen<strong>do</strong> coerências preferenciais, imagens<br />

sobre si próprio, os mo<strong>do</strong>s de pensar e agir que mais e melhor parecem ajustar-se ao<br />

senti<strong>do</strong> que ca<strong>da</strong> um atribui ao que é e ao que pretende ser e fazer. Sempre, em<br />

alguma medi<strong>da</strong>, condiciona<strong>do</strong>s pelo contexto social no qual nos inscrevemos 101 .<br />

Como refere Giddens 102 , os membros <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de desenvolvem acções<br />

investi<strong>da</strong>s de significa<strong>do</strong>s, acções essas que são decisivas para estruturar as<br />

estruturas, mas, como também diz o autor, a acção não é redutível à intencionali<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong>s actores, ela produz-se nas condições fixa<strong>da</strong>s pela estrutura.<br />

A acção humana apresenta como traço mais característico o facto de ser<br />

produzi<strong>da</strong> por seres com capaci<strong>da</strong>de de reflexivamente controlarem o que fazem. Isto<br />

é, to<strong>do</strong> o ser humano dispõe de capaci<strong>da</strong>de para tornar inteligíveis os contextos <strong>da</strong><br />

sua acção poden<strong>do</strong>, por isso, ser considera<strong>do</strong> um "teórico social prático": em qualquer<br />

interacção acciona conhecimentos, esquemas de interpretação, "recursos práticos cuja<br />

utilização é precisamente a condição para a produção de qualquer encontro".<br />

A trajectória de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s indivíduos está marca<strong>da</strong> por uma socialização<br />

feita de uma multiplici<strong>da</strong>de de interacções em condições diversifica<strong>da</strong>s, possibilita<strong>do</strong>ra<br />

de experiências acumula<strong>da</strong>s que estão na origem <strong>da</strong> aquisição de uma ―estrutura de<br />

99<br />

Miguel M. Gonçalves e Óscar F. Gonçalves (Coords.), op. cit., p. 97.<br />

100<br />

Blumer : El interaccionismo simbólico: perspective y méto<strong>do</strong>, Hora, Barcelona, 1982.<br />

101<br />

Peter Berger, e Thomas Luckmann: A Construção Social <strong>da</strong> Reali<strong>da</strong>de, Editora Vozes, Petrópolis,<br />

1976.<br />

102<br />

,Anthony Giddens : A Constituição <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de, Livraria Martins Fontes Editora, São Paulo, 1989.<br />

70

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