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— toda hora precisaremos ficar juntos. Duas pessoas que dividem o<br />

mesmo quarto inevitavelmente travam uma espécie de — como posso<br />

dizer —, uma espécie —”<br />

“A palavra é incesto”, disse Lo — e entrou no armário, tornou a sair<br />

com uma jovem risada dourada, abriu a porta anexa e, depois de<br />

examinar cuidadosamente o interior com seus estranhos olhos<br />

enfumaçados, com medo de cometer outro erro, retirou-se para o<br />

banheiro.<br />

Abri a janela, arranquei minha camisa encharcada de suor, troqueime,<br />

conferi o frasco de pílulas em meu bolso, destranquei a —<br />

Ela saiu. Tentei abraçá-la: casualmente, um pouco de ternura contida<br />

antes do jantar.<br />

Ela disse: “Escute, vamos parar com a brincadeira de beijar e comer<br />

alguma coisa.”<br />

E foi então que abri minha surpresa.<br />

Ah, querida sonhadora! Ela caminhou até a mala aberta como se a<br />

espreitasse de longe, num andar que parecia em câmera lenta,<br />

contemplando aquela arca distante do tesouro apoiada no suporte de<br />

bagagem. (Haveria algum problema, perguntei-me, naqueles grandes<br />

olhos cinzentos, ou estaríamos ambos imersos na mesma névoa<br />

encantada?) Ela se aproximou da mala, levantando bastante seus pés<br />

em saltos relativamente altos e dobrando seus lindos joelhos de menino<br />

enquanto percorria o espaço que se dilatava com o vagar de alguém que<br />

anda debaixo d’água ou num sonho em que voa. Então ela ergueu pelos<br />

ombros um colete cor de cobre, encantador e bastante caro, estendendoo<br />

muito lentamente entre suas mãos caladas como se fosse um<br />

maravilhado caçador de aves prendendo a respiração diante da presa<br />

incrível que abre pelas pontas das asas flamejantes. E então (enquanto<br />

eu permanecia à sua espera) ela puxou a serpente lenta de um cinto<br />

reluzente e experimentou-o.<br />

Em seguida ela se aninhou em meus braços que a aguardavam,<br />

radiosa, relaxada, acariciando-me com seus olhos carinhosos,<br />

misteriosos, impuros, indiferentes, crepusculares — para todos os efeitos,<br />

como a mais vulgar das beldades vulgares. Porque são elas que as<br />

ninfetas imitam — enquanto gememos e morremos.<br />

“Qual é o probleja de um beimo?”, murmurei (perdendo por<br />

completo o controle das palavras) em seu cabelo.<br />

“Se você quer mesmo saber”, disse ela, “é que você beija do jeito<br />

errado”.<br />

“Mostre o ceito jerto.”<br />

“Na hora certa”, respondeu a causadora dos meus erros.<br />

Seva ascendens, pulsata, brulans, kitzelans, dementissima. Elevator<br />

clatterans, pausa, clatterans, populus in corridoro. Hanc nisi mors mihi

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