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e modos gentis com os olhos de um bode. Tirando com uma pá a neve<br />

da calçada em mangas de camisa, um volumoso cachecol preto e branco<br />

em torno do pescoço. Seguindo, sem dar qualquer sinal de pressa<br />

predatória (dando-me inclusive ao vagar de limpar os pés no capacho),<br />

minha filha escolar para dentro de casa. Levando Dolly ao dentista — a<br />

linda enfermeira sorrindo para ela — velhas revistas — ne montrez pas<br />

vos chambes. Jantando com Dolly na cidade, o sr. Edgar H. Humbert foi<br />

visto consumindo seu bife ao estilo europeu de manejo do garfo e da<br />

faca. Assistindo, em dupla, a um concerto: dois franceses de rosto<br />

marmóreo e gestos mínimos sentados lado a lado, com a muito musical<br />

menina de monsieur H. H. à direita do pai e o menino muito musical do<br />

professor W. (enquanto o pai passava uma noite higiênica em<br />

Providence) à esquerda de monsieur G. G. Abrindo a garagem, um<br />

quadrado de luz que engolfa o carro e depois se extingue. De pijama<br />

claro, baixando com força a cortina da janela do quarto de Dolly. Na<br />

manhã de sábado, fora das vistas, pesando solenemente no banheiro a<br />

menina branqueada pelo inverno. Visto e ouvido na manhã de domingo,<br />

na verdade jamais um frequentador da igreja, dizendo não se atrase<br />

muito, a Dolly que se dirige ao pátio coberto da casa. Abrindo a porta<br />

para uma estranhamente observadora colega de Dolly: “É a primeira vez<br />

que vejo um homem de smoking jacket — fora de um filme, claro.”<br />

9<br />

Suas amigas, que eu desejara conhecer, revelaram-se no geral<br />

decepcionantes. Havia Opal Alguma Coisa, e Linda Hall, e Avis Chapman,<br />

e Eva Rosen, e Mona Dahl (com uma exceção, todos esses nomes são<br />

aproximações, é claro). Opal era uma criatura envergonhada, amorfa,<br />

espinhenta e de óculos que adorava Dolly, que a atormentava. Com<br />

Linda Hall, a campeã de tênis da escola, Dolly disputava pelo menos<br />

duas partidas de simples por semana: desconfio que Linda era uma<br />

autêntica ninfeta, mas por algum motivo desconhecido não frequentava<br />

— ou talvez não deixassem que frequentasse — a minha casa; de<br />

maneira que lembro dela como um simples clarão de luz solar natural<br />

numa quadra coberta. Do resto, nenhuma outra podia reivindicar a<br />

condição de ninfeta, salvo Eva Rosen. Avis era uma garota rechonchuda<br />

e larga com as pernas peludas, enquanto Mona, embora de uma beleza<br />

cruamente sensual e só um ano mais velha que minha amante, cuja<br />

idade aumentava, deixara obviamente muito antes de ser uma ninfeta,<br />

se é que já o fora. Eva Rosen, uma pessoinha deslocada da França, era<br />

por outro lado um bom exemplo de menina não notoriamente bonita que<br />

revelava ao apreciador perspicaz alguns dos elementos básicos dos<br />

encantos da ninfeta, como uma silhueta perfeita de menina na<br />

puberdade, olhos vagarosos e malares salientes. Seu reluzente cabelo<br />

acobreado tinha a mesma qualidade sedosa do de Lolita, e os traços de

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