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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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ealidade e fantasia, ou pod<strong>em</strong> se deixar envolver seriamente por esta. De<br />

todas essas propensões e práticas de educação opostas, algumas pessoas<br />

sa<strong>em</strong> com uma capacidade intata de fantasiar e uma história, que adentra<br />

pela vida adulta, de tramas inventadas. Outras cresc<strong>em</strong> acreditando que é<br />

louco que não sabe a diferença entre realidade e fantasia. A maioria de nós<br />

está num meio-termo entre esses dois extr<strong>em</strong>os.<br />

As vítimas de raptos afirmam freqüent<strong>em</strong>ente ter visto<br />

“alienígenas” <strong>em</strong> sua infância – entrando pela janela, saindo de dentro do<br />

armário ou <strong>em</strong>baixo da cama. Mas <strong>em</strong> toda parte do <strong>mundo</strong> as crianças<br />

contam histórias s<strong>em</strong>elhantes – com fadas, gnomos, duendes, fantasmas,<br />

diabretes, bruxas, diabinhos e uma rica variedade de “amigos” imaginários.<br />

Dev<strong>em</strong>os imaginar dois grupos diferentes de crianças – as que vê<strong>em</strong> seres<br />

terrestres imaginários e as que vê<strong>em</strong> extraterrestres genuínos? Não será mais<br />

razoável supor que ambos os grupos estejam vendo a mesma coisa ou<br />

experimentando alucinações parecidas?<br />

A maioria de nós se l<strong>em</strong>bra do terror experimentado, com dois anos<br />

ou já mais velhos, diante dos “monstros” de aparência real, mas inteiramente<br />

imaginários, sobretudo à noite ou no escuro. Ainda me recordo de ocasiões<br />

<strong>em</strong> que ficava totalmente aterrorizado, escondido sob os lençóis até não<br />

poder mais agüentar, quando então disparava para a segurança do quarto de<br />

meus pais – isso se conseguisse chegar antes de cair nas garras da... Presença.<br />

O caricaturista norte-americano Gary Larson, que explora o gênero do horror<br />

<strong>em</strong> seus desenhos, escreve a seguinte dedicatória <strong>em</strong> um de seus livros:<br />

Quando era menino, a nossa casa era repleta de monstros. Eles viviam nos<br />

armários, <strong>em</strong>baixo das camas, no sótão, no porão e – quando estava escuro<br />

– praticamente <strong>em</strong> toda parte. Este livro é dedicado a meu pai, que me<br />

protegeu de todos esses monstros.<br />

É talvez o que os terapeutas das vítimas de raptos deveriam fazer<br />

com mais eficiência.<br />

Parte dos motivos para as crianças ter<strong>em</strong> medo do escuro pode ser o<br />

fato de que, até há b<strong>em</strong> pouco, <strong>em</strong> toda a nossa história evolutiva, elas nunca<br />

dormiam sozinhas. Em vez disso, aninhavam-se <strong>em</strong> segurança, protegidas<br />

por um adulto – <strong>em</strong> geral, a mamãe. No Ocidente esclarecido, nós as<br />

enfiamos sozinhas num quarto escuro, damos boa-noite e t<strong>em</strong>os dificuldade<br />

<strong>em</strong> compreender por que elas às vezes ficam perturbadas. Em termos de<br />

evolução da espécie, faz sentido que as crianças tenham fantasias de<br />

monstros assustadores. Num <strong>mundo</strong> povoado por leões e hienas, essas<br />

fantasias ajudavam a impedir que filhotes indefesos se aventurass<strong>em</strong> longe<br />

d<strong>em</strong>ais de seus guardiães. Como esse mecanismo de segurança pode<br />

funcionar para um jov<strong>em</strong> animal forte e curioso senão pela produção artificial

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