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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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VII a.C. A ciência confere poder a qualquer um que se der ao trabalho de<br />

aprendê-la (<strong>em</strong>bora muitos tenham sido sist<strong>em</strong>aticamente impedidos de<br />

adquirir esse conhecimento). Ela se nutre – na verdade necessita – do livre<br />

intercâmbio de idéias; seus valores são opostos ao sigilo. A ciência não<br />

mantém nenhum ponto de observação especial, n<strong>em</strong> posições privilegiadas.<br />

Tanto a ciência como a d<strong>em</strong>ocracia encorajam opiniões não convencionais e<br />

debate vigoroso. Ambas requer<strong>em</strong> raciocínio adequado, argumentos<br />

coerentes, padrões rigorosos de evidência e honestidade. A ciência é um meio<br />

de desmascarar aqueles que apenas fing<strong>em</strong> conhecer. É um baluarte contra o<br />

misticismo, contra a superstição, contra a religião mal aplicada a assuntos que<br />

não lhe diz<strong>em</strong> respeito. Se somos fiéis a seus valores, ela pode nos dizer<br />

quando estamos sendo enganados. Ela fornece a correção de nossos erros no<br />

meio do caminho. Quanto mais difundidos for<strong>em</strong> a sua linguag<strong>em</strong>, regras e<br />

métodos, melhor a nossa chance de preservar o que Thomas Jefferson e seus<br />

colegas tinham <strong>em</strong> mente. Mas os produtos da ciência também pod<strong>em</strong><br />

subverter radicalmente a d<strong>em</strong>ocracia, de um modo jamais sonhado <strong>pelos</strong><br />

d<strong>em</strong>agogos pré-industriais.<br />

Descobrir a gota ocasional de verdade no meio de um grande<br />

oceano de confusão e mistificação requer vigilância, dedicação e corag<strong>em</strong>.<br />

Mas, se não praticarmos esses hábitos rigorosos de pensar, não pod<strong>em</strong>os ter a<br />

esperança de solucionar os probl<strong>em</strong>as verdadeiramente sérios com que nos<br />

defrontamos – e nos arriscamos a nos tornar uma nação de patetas, um<br />

<strong>mundo</strong> de patetas, prontos para sermos passados para trás pelo primeiro<br />

charlatão que cruzar o nosso caminho.<br />

Um extraterrestre, recém-chegado à Terra – examinando o que <strong>em</strong><br />

geral apresentamos às nossas crianças na televisão, no rádio, no cin<strong>em</strong>a, nos<br />

jornais, nas revistas, nas histórias <strong>em</strong> quadrinhos e <strong>em</strong> muitos livros –,<br />

poderia facilmente concluir que faz<strong>em</strong>os questão de lhes ensinar assassinatos,<br />

estupros, crueldades, superstições, credulidade e consumismo. Continuamos<br />

a seguir esse padrão e, pelas constantes repetições, muitas das crianças<br />

acabam aprendendo essas coisas. Que tipo de sociedade não poderíamos<br />

criar se, <strong>em</strong> vez disso, lhes incutíss<strong>em</strong>os a ciência e um sentimento de<br />

esperança?

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