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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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dono de periódicos, como orador nos Estados Unidos e no exterior, e como o<br />

primeiro afro-americano a ocupar um alto cargo consultivo no governo<br />

federal, ele passou o resto de sua vida lutando <strong>pelos</strong> direitos humanos.<br />

Durante a Guerra Civil, foi consultor do presidente Lincoln.<br />

Douglass defendeu com sucesso a estratégia de armar os ex-escravos<br />

para lutar<strong>em</strong> pelo Norte, a retaliação federal contra os prisioneiros de guerra<br />

depois da execução sumária de soldados afro-americanos capturados <strong>pelos</strong><br />

confederados e a libertação dos escravos como um dos principais objetivos de<br />

guerra.<br />

Muitas de suas opiniões eram mordazes e pouco apropriadas para<br />

lhe granjear amigos nas altas esferas:<br />

Afirmo s<strong>em</strong> a menor hesitação que a religião do Sul é uma simples capa<br />

para os crimes mais terríveis – uma justificativa da barbárie mais<br />

estarrecedora, uma consagração das fraudes mais odiosas e um abrigo<br />

escuro onde os atos mais sombrios, i<strong>mundo</strong>s, grosseiros e diabólicos dos<br />

senhores de escravos encontraram a mais forte das proteções. Se eu fosse<br />

de novo submetido às cadeias da escravidão, a par dessa escravização,<br />

consideraria ser escravo de um senhor religioso a pior calamidade que<br />

poderia me acontecer [...]. Eu [...] odeio o cristianismo hipócrita, parcial,<br />

corrupto e escravizador desta terra, defensor do chicote para as mulheres e<br />

saqueador de berços.<br />

Em relação a alguns discursos racistas de inspiração religiosa<br />

daquela época e de épocas posteriores, os comentários de Douglass não<br />

parec<strong>em</strong> hiperbólicos. “A escravidão é de Deus”, costumavam dizer nos<br />

t<strong>em</strong>pos anteriores à guerra. Como um dos muitos ex<strong>em</strong>plos odiosos pós-<br />

Guerra Civil, The negro a beast, de Charles Carroll (St. Louis, American Book<br />

and Bible House), ensinava a seus piedosos leitores que “a Bíblia e a<br />

Revelação Divina, assim como a razão, tudo d<strong>em</strong>onstra que o negro não é<br />

humano”. Mais recent<strong>em</strong>ente, alguns racistas ainda rejeitam o test<strong>em</strong>unho<br />

claro, escrito no DNA, de que todas as raças não são apenas humanas, mas<br />

quase indistinguíveis, apelando para a Bíblia como um “baluarte<br />

inexpugnável” até contra as tentativas de examinar a evidência.<br />

Vale a pena notar, no entanto, que grande parte do fermento<br />

abolicionista surgiu nas comunidades cristãs, especialmente entre os quacres<br />

do Norte; que as tradicionais igrejas cristãs negras do Sul des<strong>em</strong>penharam<br />

um papel-chave na histórica luta <strong>pelos</strong> direitos civis dos anos 60; e que<br />

muitos de seus líderes – com destaque para Martin Luther King – eram<br />

pastores ordenados nessas igrejas.<br />

Douglass se dirigiu à comunidade branca com estas palavras:<br />

[A escravidão] restringe o progresso, é hostil ao desenvolvimento; é

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