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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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dados de arquivos. Perguntávamos sobre certo incidente envolvendo UFOs e,<br />

um pouco à maneira dos suéteres e ternos nas lavanderias modernas, montes<br />

de arquivos passavam por nós até a máquina parar, quando o arquivo<br />

desejado chegava à nossa frente.<br />

Mas o que havia nos arquivos não valia grande coisa. Por ex<strong>em</strong>plo,<br />

cidadãos idosos informavam ter visto luzes pairando sobre sua pequena<br />

cidade <strong>em</strong> New Hampshire por mais de uma hora, e o caso é explicado como<br />

uma esquadrilha de bombardeiros estratégicos de uma base próxima da<br />

Força Aérea num exercício de treinamento. Os bombardeiros levariam uma<br />

hora para passar sobre a cidade? Não. Os bombardeiros voaram no horário<br />

<strong>em</strong> que os UFOs foram vistos? Não. Poderia nos explicar, coronel, como é que<br />

bombardeiros estratégicos pod<strong>em</strong> ser descritos como luzes “pairando”? Não.<br />

As investigações desleixadas do Bluebook tinham pouco valor científico, mas<br />

serviam à importante finalidade burocrática de convencer grande parte do<br />

público de que a Força Aérea estava envolvida na questão; e de que talvez os<br />

relatos sobre UFOs nada significass<strong>em</strong>.<br />

É claro que isso não exclui a possibilidade de que um estudo mais<br />

sério, mais científico sobre UFOs estivesse sendo realizado <strong>em</strong> outro lugar –<br />

chefiado, digamos, por um general-de-brigada, e não por um tenente-coronel.<br />

Acho que uma coisa dessas é até provável, não porque acredite nas visitas de<br />

alienígenas, mas porque, ocultos nos fenômenos UFOs, dev<strong>em</strong> existir dados<br />

outrora considerados de grande interesse militar. S<strong>em</strong> dúvida, se os UFOs<br />

correspond<strong>em</strong> às suas descrições – naves bastante velozes, muito<br />

manobráveis –, é um dever militar descobrir como funcionam. Se os UFOs<br />

foss<strong>em</strong> construídos pela União Soviética, seria responsabilidade da Força<br />

Aérea nos proteger. Considerando-se as extraordinárias características de<br />

des<strong>em</strong>penho relatadas, seriam inquietantes as implicações estratégicas de<br />

UFOs soviéticos sobrevoando flagrant<strong>em</strong>ente instalações nucleares e<br />

militares norte-americanas. Por outro lado, se eles foss<strong>em</strong> construídos por<br />

extraterrestres, poderíamos copiar a tecnologia (se pudéss<strong>em</strong>os pôr a mão<br />

num único disco) e com isso assegurar uma enorme vantag<strong>em</strong> na Guerra<br />

Fria. E mesmo que os militares não acreditass<strong>em</strong> que os UFOs foss<strong>em</strong><br />

fabricados por soviéticos ou extraterrestres, havia boas razões para examinar<br />

os relatórios com cuidado.<br />

Nos anos 50, a Força Aérea estava fazendo amplo uso de balões – e<br />

não apenas como plataformas de medição de t<strong>em</strong>po, conforme era<br />

manifestamente anunciado, e como refletores de radar, conforme era<br />

reconhecido, mas também, secretamente, como naves de espionag<strong>em</strong><br />

robóticas, com câmaras de alta resolução e dispositivos para captar sinais<br />

inteligentes. Embora os próprios balões não foss<strong>em</strong> muito secretos, não se<br />

podia dizer o mesmo dos equipamentos de reconhecimento que

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