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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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sobre a natureza dos alienígenas, a tecnologia de suas naves e assim por<br />

diante, mas os apêndices não foram incluídos no misterioso filme.<br />

A Força Aérea diz que o documento é falso. O especialista <strong>em</strong> UFOs<br />

Philip J. Klass e outros encontraram incoerências lexicográficas e tipográficas<br />

que suger<strong>em</strong> que tudo não passa de uma brincadeira. Os compradores de<br />

obras de arte se preocupam <strong>em</strong> saber a procedência das pinturas – isto é,<br />

qu<strong>em</strong> foi o último dono, e qu<strong>em</strong> possuía o quadro antes dele... e assim por<br />

diante, até chegar ao artista original. Se há rupturas na cadeia – se uma<br />

pintura de trezentos anos só pode ser acompanhada por sessenta anos e<br />

depois disso não sab<strong>em</strong>os <strong>em</strong> que casa ou <strong>em</strong> que museu estava<br />

dependurada –, as bandeiras de alerta contra a falsificação se agitam. Como<br />

são elevadas as recompensas da falsificação no mercado de arte, os<br />

colecionadores dev<strong>em</strong> ser muito cautelosos. O ponto muito vulnerável e<br />

suspeito dos documentos MJ-12 é exatamente essa questão da procedência – a<br />

evidência caindo por milagre no degrau da porta como um el<strong>em</strong>ento de conto<br />

de fadas, talvez de “O sapateiro e os duendes”.<br />

Há muitos casos na história humana de natureza s<strong>em</strong>elhante – <strong>em</strong><br />

que de repente aparece um documento de procedência dúbia, trazendo<br />

informações de grande importância que confirmam vigorosamente as idéias<br />

dos que o descobriram. Depois de uma investigação cuidadosa e, <strong>em</strong> alguns<br />

casos, corajosa, comprova-se que o documento é uma mistificação. Não é<br />

difícil compreender a motivação dos mistificadores. Um ex<strong>em</strong>plo mais ou<br />

menos típico é o livro do Deuteronômio – descoberto escondido no t<strong>em</strong>plo de<br />

Jerusalém pelo rei Josias, que, milagrosamente, <strong>em</strong> meio a uma importante<br />

luta por reformas, encontrou no Deuteronômio a confirmação de todas as<br />

suas idéias.<br />

Outro caso é a chamada doação de Constantino. Constantino, o<br />

Grande, é o imperador que transformou o cristianismo na religião oficial do<br />

Império Romano. A cidade de Constantinopla (agora Istambul), que durante<br />

mais de mil anos foi a capital do Império Romano do Oriente, recebeu esse<br />

nome <strong>em</strong> sua homenag<strong>em</strong>. Ele morreu no ano de 335. No século IX,<br />

apareceram repentinamente <strong>em</strong> textos cristãos várias referências a uma<br />

doação de Constantino; nesse documento, Constantino lega ao papa Silvestre<br />

I, seu cont<strong>em</strong>porâneo, todo o Império Romano do Ocidente, inclusive Roma.<br />

Esse pequeno presente, assim continuava a história, era <strong>em</strong> parte uma prova<br />

de gratidão por Silvestre ter curado a lepra de Constantino. No século XI, os<br />

papas já se referiam regularmente à doação de Constantino para justificar<br />

suas pretensões a não ser<strong>em</strong> apenas os governantes eclesiásticos, mas<br />

também os soberanos seculares da Itália central. Durante a Idade Média, a<br />

doação foi julgada genuína tanto por aqueles que apoiavam as pretensões<br />

t<strong>em</strong>porais da Igreja, como por aqueles que se opunham a essa idéia.

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