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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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FREDERICK DOUGLASS DEPOIS DA FUGA<br />

Quando mal completara vinte anos, ele fugiu para a liberdade.<br />

Fixou residência <strong>em</strong> New Bedford com a noiva, Anna Murray, e começou a<br />

ganhar a vida como trabalhador comum. Quatro anos mais tarde, Douglass<br />

foi convidado a discursar num encontro. A essa altura, no Norte, não era<br />

incomum ouvir os grandes oradores do dia – isto é, os brancos – investir<br />

contra a escravidão. Mas até muitos dos que se opunham à escravidão<br />

achavam que os escravos eram de alguma forma menos humanos. Na noite<br />

de 16 de agosto de 1841, na pequena ilha de Nantucket, os m<strong>em</strong>bros da<br />

Sociedade contra a Escravidão de Massachusetts, formada principalmente<br />

por quacres, se inclinaram para a frente <strong>em</strong> suas cadeiras para ouvir algo<br />

novo: uma voz contra a escravidão de alguém que a conhecia por amarga<br />

experiência pessoal.<br />

A sua própria aparência e comportamento destruíam o mito então<br />

predominante da “subserviência natural” dos afro-americanos. Todos os<br />

presentes foram unânimes <strong>em</strong> reconhecer que a sua eloqüente análise dos<br />

males da escravidão foi uma das estréias mais brilhantes na história da<br />

oratória norte-americana. William Lloyd Garrison, o principal abolicionista<br />

da época, estava sentado na primeira fila. Quando Douglass terminou o seu<br />

discurso, Garrison se levantou, virou-se para o público aturdido e desafiou-os<br />

com uma pergunta aos altos brados:<br />

– Nós estiv<strong>em</strong>os escutando as palavras de um objeto, de um servo<br />

ou de um hom<strong>em</strong>?<br />

– De um hom<strong>em</strong>! De um hom<strong>em</strong>! – rugiu o público <strong>em</strong> resposta, a<br />

uma só voz.<br />

– Um hom<strong>em</strong> desses deve ser escravo numa terra cristã? – bradou<br />

Garrison.<br />

– Não! Não! – gritou o público.<br />

Em voz ainda mais alta, Garrison perguntou:<br />

– Um hom<strong>em</strong> desses deve ser banido do solo livre da velha<br />

Massachussetts e mandado de volta à escravidão?<br />

Já então de pé, a multidão gritava:<br />

– Não! Não! Não!<br />

Ele nunca voltou à escravidão. Ao contrário, como autor, editor e

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