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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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20<br />

A CASA EM FOGO *<br />

O Senhor [Buda] respondeu ao venerável Sariputra: ”Numa vila,<br />

cidade, <strong>em</strong>pório, distrito, província, reino ou capital vivia um chefe<br />

de família, velho, de idade avançada, decrépito de saúde e forças<br />

debilitadas, mas rico, abastado e próspero. A sua casa era grande,<br />

tanto <strong>em</strong> extensão como <strong>em</strong> altura, e era antiga, construída havia<br />

muito t<strong>em</strong>po. Era habitada por muitos seres vivos, uns duzentos,<br />

trezentos, quatrocentos ou quinhentos. Tinha uma única porta. Era<br />

coberta de palha, os terraços tinham desmoronado, os alicerces<br />

estavam podres, as paredes, as telas entrelaçadas e o reboco estavam<br />

num estado adiantado de decomposição. De repente irrompeu uma<br />

grande labareda, e a casa começou a queimar por todos os lados. E<br />

aquele hom<strong>em</strong> tinha muitos filhos jovens, cinco, dez ou vinte, e foi<br />

ele qu<strong>em</strong> conseguiu sair da casa.<br />

“Quando viu a sua casa toda <strong>em</strong> chamas com aquela grande<br />

quantidade de labaredas, o hom<strong>em</strong> sentiu medo e tr<strong>em</strong>eu, sua mente<br />

ficou agitada, e ele pensou consigo mesmo: ‘Eu, é verdade, fui<br />

bastante competente para correr porta afora e fugir da casa<br />

incendiada, com rapidez e segurança, s<strong>em</strong> ser molestado, n<strong>em</strong><br />

chamuscado pelas grandes labaredas. Mas e meus filhos, meus<br />

rapazes, meus meninos? Ali, nessa casa <strong>em</strong> fogo, eles brincam,<br />

praticam esportes e se divert<strong>em</strong> com toda espécie de jogos. Não<br />

sab<strong>em</strong> que a moradia está <strong>em</strong> chamas, não compreend<strong>em</strong>, não<br />

perceb<strong>em</strong>, não dão atenção às chamas, e por isso não sent<strong>em</strong><br />

nenhuma perturbação. Embora ameaçados por esse grande<br />

[incêndio], <strong>em</strong>bora <strong>em</strong> íntimo contato com tanto mal, eles não<br />

prestam atenção ao perigo, n<strong>em</strong> se esforçam para sair’.”<br />

Tirado de The Saddharmapundarika, <strong>em</strong> Buddhist scriptures,<br />

Edward Conze, ed. (Harmondsworth, Middlesex, Inglaterra,<br />

Penguin Books, 1959)<br />

Uma das razões de ser muito interessante escrever para a revista<br />

Parade são as cartas que recebo. Com 80 milhões de leitores, pode-se<br />

realmente ter uma amostrag<strong>em</strong> da opinião dos cidadãos dos Estados Unidos.<br />

(*) Escrito com Ann Druyan.

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