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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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com a realidade de um universo ateísta, ou as suas crenças são o produto<br />

de uma mídia irresponsável que não está encorajando as pessoas a pensar<br />

criticamente [...].<br />

Mas a crítica justa de Hess logo se deteriora e se transforma <strong>em</strong><br />

queixas de que os parapsicólogos “tiveram as suas carreiras arruindas <strong>pelos</strong><br />

colegas céticos” e de que estes d<strong>em</strong>onstram ter “uma espécie de zelo religioso<br />

<strong>em</strong> defender a visão de <strong>mundo</strong> materialista e ateísta, que l<strong>em</strong>bra o que t<strong>em</strong><br />

sido chamado de ‘fundamentalismo científico’ ou ‘racionalismo irracional’ “.<br />

Esta é uma queixa comum, mas para mim profundamente<br />

misteriosa – na verdade, oculta. Repetindo, sab<strong>em</strong>os muita coisa sobre a<br />

existência e as propriedades da matéria. Se um dado fenômeno já pode ser<br />

compreendido <strong>em</strong> termos de matéria e energia, por que deveríamos formular<br />

hipóteses de que alguma outra coisa – para a qual ainda não há uma boa<br />

evidência – é responsável por ele? Entretanto, a queixa persiste: os céticos não<br />

quer<strong>em</strong> aceitar que há um dragão invisível cuspindo fogo na minha garag<strong>em</strong>,<br />

porque são todos materialistas ateus.<br />

Em Science and the New Age, o ceticismo é discutido, mas não é<br />

compreendido, n<strong>em</strong> certamente praticado. Todo tipo de afirmações<br />

paranormais é citado, os céticos são “desconstruídos”, mas não se fica<br />

sabendo, pela leitura, que há meios de decidir se o pretenso conhecimento<br />

parapsicológico e da Nova Era é promissor ou falso. Como <strong>em</strong> muitos textos<br />

pós-modernos, tudo é uma questão de saber qual a intensidade dos<br />

sentimentos das pessoas e quais os seus vieses.<br />

Robert Anton Wilson (<strong>em</strong> The New Inquisition: irrational rationalism<br />

and the citadel of science [Phoenix, Falcon Press, 1986]) descreve os céticos<br />

como a “Nova Inquisição”. Mas, que eu saiba, nenhum cético obriga os<br />

outros a crer. Na verdade, na maioria dos documentários e entrevistas na TV,<br />

os céticos receb<strong>em</strong> pouca atenção e quase nenhum espaço. O que está<br />

acontecendo é que algumas doutrinas e métodos estão sendo criticados – na<br />

pior das hipóteses, ridicularizados – <strong>em</strong> revistas como The Skeptical Inquirer,<br />

com tiragens de dezenas de milhares de ex<strong>em</strong>plares. Os adeptos da Nova Era<br />

não são intimados a comparecer perante tribunais penais, como nos t<strong>em</strong>pos<br />

antigos, n<strong>em</strong> são chicoteados por ter visões, e certamente não estão sendo<br />

queimados na fogueira. Por que recear um pouco de crítica? Eles não se<br />

interessam <strong>em</strong> verificar como as suas crenças resist<strong>em</strong> aos melhores contraargumentos<br />

que os céticos consegu<strong>em</strong> reunir?<br />

Talvez <strong>em</strong> 1% das vezes, alguém que aparece com uma idéia que<br />

t<strong>em</strong> o cheiro, a sensação e uma aparência indistinguível da produção habitual<br />

da pseudociência provará estar com a razão. Talvez algum réptil

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