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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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isso, os antigos logros tend<strong>em</strong> a persistir, enquanto surg<strong>em</strong> outros novos.<br />

Assim, as sessões espíritas são realizadas apenas <strong>em</strong> salas<br />

escurecidas, onde os participantes têm, quando muito, uma visão vaga dos<br />

fantasmas visitantes. Se acendermos um pouco as luzes, para ter uma chance<br />

de ver o que está passando, os espíritos desaparec<strong>em</strong>. São tímidos, é o que<br />

nos diz<strong>em</strong>, e alguns de nós acreditamos nessa história. Nos laboratórios de<br />

parapsicologia do século XX, há o “efeito do observador”: os que são<br />

considerados médiuns talentosos acham que seus poderes diminu<strong>em</strong><br />

bastante s<strong>em</strong>pre que surg<strong>em</strong> os céticos, desaparecendo totalmente na<br />

presença de um mago tão experiente quanto James Randi. Eles precisam é de<br />

escuridão e credulidade.<br />

Uma menina que participara de um logro famoso no século XIX –<br />

pancadas de espíritos, quando os fantasmas respond<strong>em</strong> perguntas por meio<br />

de pancadas sonoras – cresceu e confessou que tudo não passava de<br />

impostura. Ela estalava a articulação do dedão do pé. D<strong>em</strong>onstrou como se<br />

fazia. Mas as desculpas públicas foram <strong>em</strong> grande parte ignoradas e, quando<br />

reconhecidas, denunciadas. As pancadas dos espíritos eram d<strong>em</strong>asiado<br />

tranqüilizadoras para ser abandonadas só por causa das declarações de uma<br />

menina que se dizia causadora das ocorrências, ainda que tivesse sido a<br />

primeira a inventar toda a história. Começou a circular o boato de que a<br />

confissão fora obtida sob coerção por racionalistas fanáticos.<br />

Como relatei antes, dois impostores britânicos confessaram ter feito<br />

os “círculos nas plantações”, figuras geométricas geradas <strong>em</strong> campos de<br />

cereais. Não se tratava de artistas alienígenas usando o trigo como material,<br />

mês de dois sujeitos com uma prancha, corda e uma propensão para cometer<br />

extravagâncias. No entanto, mesmo quando d<strong>em</strong>onstraram como faziam os<br />

desenhos, não conseguiram impressionar os que acreditavam. Talvez parte<br />

dos círculos das plantações fosse <strong>em</strong>buste, argumentavam, mas muitos deles<br />

e alguns dos pictogramas eram d<strong>em</strong>asiados complexos. Só extraterrestres<br />

poderiam criá-los. Então, outras pessoas confessaram na Grã-Bretanha. Mas e<br />

os círculos de plantações <strong>em</strong> países estrangeiros, objetava-se – por ex<strong>em</strong>plo,<br />

na Hungria –, como se podia explicar esse fato? Então, adolescentes húngaros<br />

imitadores confessaram. Mas e o que dizer...?<br />

Para testar a credulidade de um psiquiatra que trata de seqüestros<br />

por alienígenas, uma mulher afirma ter sido raptada. O terapeuta fica<br />

entusiasmado com as fantasias que ela inventa. Mas, quando ela declara que<br />

tudo não passava de uma farsa, qual é a reação do terapeuta? Ele procura<br />

reexaminar os seus dados ou a sua compreensão do que esses casos<br />

significam? Não. Conforme sua vontade, ele sugere (1) que, mesmo s<strong>em</strong> ter<br />

consciência do fato, ela foi na verdade seqüestrada; ou (2) que ela está louca –<br />

afinal, procurou um psiquiatra, não é mesmo?; ou (3) que ele sabia da farsa

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