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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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energia destrutiva de uma bomba atômica, não existe tal coisa para a bomba<br />

de hidrogênio. Mas a bomba de hidrogênio precisa de uma bomba atômica<br />

como gatilho.)<br />

Depois que a bomba de fissão foi inventada, depois que a Al<strong>em</strong>anha<br />

e o Japão se renderam, depois que a guerra terminou, Teller continuou a ser<br />

um advogado persistente do que era chamado “A Super”, projetada<br />

especialmente para intimidar a União Soviética. A preocupação com a<br />

reconstrução, o endurecimento e a militarização da União Soviética sob<br />

Stalin, b<strong>em</strong> como a paranóia nacional nos Estados Unidos chamada<br />

macarthismo, facilitou a trajetória de Teller. Entretanto, um obstáculo<br />

substancial se configurou na pessoa de Oppenheimer, que se tornara<br />

presidente do Conselho Consultivo Geral da Comissão de Energia Atômica<br />

(AEC) pós-guerra. Teller prestou um test<strong>em</strong>unho crítico numa audiência do<br />

governo, questionando a lealdade de Oppenheimer para com os Estados<br />

Unidos. A idéia geral é que o envolvimento de Teller teve um papel<br />

importante no que se passou a seguir: <strong>em</strong>bora a lealdade de Oppenheimer<br />

não fosse exatamente impugnada pelo conselho de segurança, por alguma<br />

razão lhe foi negado o atestado de confiabilidade <strong>em</strong> questões de segurança<br />

nacional, além de ter sido afastado do AEC. E o caminho de Teller para A<br />

Super foi facilitado.<br />

A técnica para construir uma arma termonuclear é geralmente<br />

atribuída a Teller e ao mat<strong>em</strong>ático Stanislas Ulam. Hans Bethe, o físico<br />

laureado com o Nobel que chefiou o Departamento Teórico do Projeto<br />

Manhattan e que des<strong>em</strong>penhou um importante papel no desenvolvimento da<br />

bomba atômica e da bomba de hidrogênio, afirma que a sugestão original de<br />

Teller tinha falhas, e que foi necessário o trabalho de muitas pessoas para que<br />

a arma termonuclear se tornasse realidade. Com as contribuições técnicas<br />

fundamentais de um jov<strong>em</strong> físico chamado Richard Garwin, o primeiro<br />

“dispositivo” termonuclear dos Estados Unidos foi detonado <strong>em</strong> 1952 – era<br />

pesado d<strong>em</strong>ais para ser carregado por um míssil ou por um bombardeiro; por<br />

isso, apenas permaneceu no lugar <strong>em</strong> que fora montado e explodiu. A<br />

primeira bomba de hidrogênio verdadeira foi uma invenção soviética<br />

detonada um ano mais tarde. T<strong>em</strong>-se debatido se a União Soviética teria<br />

desenvolvido uma arma termonuclear, caso os Estados Unidos não o<br />

tivess<strong>em</strong> feito, e se uma arma termonuclear norte-americana era mesmo<br />

necessária para sustar o uso <strong>pelos</strong> soviéticos de sua bomba de hidrogênio – já<br />

que àquela altura os Estados Unidos possuíam um substancial arsenal de<br />

armas de fissão. Segundo a maioria das provas, a URSS – mesmo antes de<br />

explodir a sua primeira bomba de fissão – tinha um projeto exeqüível de<br />

arma termonuclear. Era “o próximo passo lógico”. Mas as pesquisas na URSS<br />

sobre armas de fusão receberam um grande incentivo quando os soviéticos

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