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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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tomadas; existe um método testado pelo consumidor, experimentado e<br />

verdadeiro.<br />

O que existe no kit? Ferramentas para o pensamento cético.<br />

O pensamento cético se resume no meio de construir e compreender<br />

um argumento racional e – o que é especialmente importante – de reconhecer<br />

um argumento falacioso ou fraudulento. A questão não é se gostamos da<br />

conclusão que <strong>em</strong>erge de uma cadeia de raciocínio, mas se a conclusão deriva<br />

da pr<strong>em</strong>issa ou do ponto de partida e se essa pr<strong>em</strong>issa é verdadeira.<br />

Eis algumas das ferramentas:<br />

• S<strong>em</strong>pre que possível, deve haver confirmação independente dos<br />

“fatos”.<br />

• Dev<strong>em</strong>os estimular um debate substantivo sobre as evidências,<br />

do qual participarão notórios partidários de todos os pontos de vista.<br />

• Os argumentos de autoridade têm pouca importância – as<br />

“autoridades” cometeram erros no passado. Voltarão a cometê-los no futuro.<br />

Uma forma melhor de expressar essa idéia é talvez dizer que na ciência não<br />

exist<strong>em</strong> autoridades; quando muito, há especialistas.<br />

• Dev<strong>em</strong>os considerar mais de uma hipótese. Se alguma coisa deve<br />

ser explicada, é preciso pensar <strong>em</strong> todas as maneiras diferentes pelas quais<br />

poderia ser explicada. Depois dev<strong>em</strong>os pensar nos testes que poderiam servir<br />

para invalidar sist<strong>em</strong>aticamente cada uma das alternativas. O que sobreviver,<br />

a hipótese que resistir a todas as refutações nesta seleção darwiniana entre as<br />

“múltiplas hipóteses eficazes”, t<strong>em</strong> uma chance muito melhor de ser a<br />

resposta correta do que se tivéss<strong>em</strong>os simplesmente adotado a primeira idéia<br />

que prendeu nossa imaginação. *<br />

• Dev<strong>em</strong>os tentar não ficar d<strong>em</strong>asiado ligados a uma hipótese só<br />

por ser a nossa. É apenas uma estação intermediária na busca do<br />

conhecimento. Dev<strong>em</strong>os nos perguntar por que a idéia nos agrada. Dev<strong>em</strong>os<br />

compará-la imparcialmente com as alternativas. Dev<strong>em</strong>os verificar se é<br />

possível encontrar razões para rejeitá-la. Se não, outros o farão.<br />

• Dev<strong>em</strong>os quantificar. Se o que estiver sendo explicado é passível<br />

de medição, de ser relacionado a alguma quantidade numérica, ser<strong>em</strong>os<br />

muito mais capazes de discriminar entre as hipóteses concorrentes. O que é<br />

vago e qualitativo é suscetível de muitas explicações. Há certamente verdades<br />

a ser<strong>em</strong> buscadas nas muitas questões qualitativas que somos obrigados a<br />

enfrentar, mas encontrá-las é mais desafiador.<br />

(*) Esse é um probl<strong>em</strong>a que afeta os júris. Estudos retrospectivos mostram que<br />

alguns jurados tomam a sua decisão muito cedo – talvez durante a argumentação de<br />

abertura; depois guardam na m<strong>em</strong>ória as provas que parec<strong>em</strong> sustentar suas impressões<br />

iniciais e rejeitam as contrárias. O método das hipóteses eficazes alternativas não está <strong>em</strong><br />

funcionamento nas suas cabeças.

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