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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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conhecimento. Jamais esquecer que a inteligência inata é amplamente<br />

distribuída na nossa espécie. Na verdade, é o segredo de nosso sucesso.<br />

O trabalho requerido é pequeno, os benefícios são grandes. Entre as<br />

armadilhas potenciais estão a simplificação exagerada, a necessidade de ser<br />

econômico com as qualificações (e as quantificações), o crédito inadequado<br />

dado aos muitos cientistas envolvidos e as distinções insuficientes traçadas<br />

entre as analogias úteis e a realidade. S<strong>em</strong> dúvida, algumas soluções de<br />

compromisso precisam ser tomadas.<br />

Quanto mais trabalhamos nessas transmissões, mais claro se torna<br />

quais as abordagens que funcionam e quais as que não funcionam. Há uma<br />

seleção natural de metáforas, imagens, analogias, histórias de casos. Depois<br />

de certo t<strong>em</strong>po, descobrimos que pod<strong>em</strong>os chegar a quase todos os pontos<br />

que desejamos alcançar caminhando sobre pedras testadas <strong>pelos</strong><br />

consumidores. Pod<strong>em</strong>os então adaptar as nossas apresentações às<br />

necessidades de determinado público.<br />

Como alguns editores e produtores de televisão, certos cientistas<br />

acreditam que o público é d<strong>em</strong>asiado ignorante ou estúpido para<br />

compreender a ciência, que o <strong>em</strong>preendimento e a divulgação é<br />

fundamentalmente uma causa perdida, ou até que essa tentativa equivale a<br />

confraternizar com o inimigo, quando não a francamente coabitar com ele.<br />

Entre as muitas críticas que poderiam ser feitas contra esse juízo – além da<br />

sua arrogância intolerável e da sua desconsideração de inúmeros ex<strong>em</strong>plos<br />

de divulgação científica extr<strong>em</strong>amente b<strong>em</strong>-sucedida – está a de que ele<br />

confirma a si mesmo. E, para os cientistas envolvidos, também é<br />

contraproducente.<br />

O apoio governamental <strong>em</strong> grande escala à ciência é algo bastante<br />

novo, que r<strong>em</strong>onta apenas à Segunda Guerra Mundial – <strong>em</strong>bora o patrocínio<br />

dado a alguns cientistas <strong>pelos</strong> ricos e poderosos seja muito mais antigo. Com<br />

o fim da Guerra Fria, o trunfo da defesa nacional, que fornecia apoio a todo<br />

tipo de ciência básica, tornou-se virtualmente impossível de ser <strong>em</strong>pregado.<br />

Apenas <strong>em</strong> parte por essa razão, acho que a maioria dos cientistas está agora<br />

aceitando a idéia de divulgar a ciência. (Como quase todo o apoio à ciência<br />

v<strong>em</strong> dos cofres públicos, seria um estranho flerte com o suicídio se os<br />

cientistas se opusess<strong>em</strong> a uma divulgação competente.) O público fica mais<br />

inclinado a apoiar aquilo que compreende e aprecia. Não estou falando de<br />

escrever artigos para Scientific American, por ex<strong>em</strong>plo, que são lidos por<br />

entusiastas da ciência e por cientistas de outras áreas. Não estou<br />

simplesmente falando de ministrar cursos de introdução para universitários.<br />

Estou falando de tentativas de comunicar a substância e o enfoque da ciência<br />

<strong>em</strong> jornais, <strong>em</strong> revistas, no rádio e na televisão, <strong>em</strong> palestras para o público<br />

<strong>em</strong> geral e nos livros didáticos das escolas primária e secundária.

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