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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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influentes e seus superiores hierárquicos, que têm um interesse pessoal na<br />

realidade das visões.<br />

Em nossa época, ainda há aparições de Maria e outros anjos, mas<br />

também de Jesus – como foi sintetizado por G. Scott Sparrow, psicoterapeuta<br />

e hipnotizador. Em I am with you always: true stories of encounter with Jesus<br />

(Bantam, 1995), são apresentados relatos <strong>em</strong> primeira mão desses encontros,<br />

alguns comovedores, outros banais. Estranhamente, a maioria são simples<br />

sonhos, reconhecidos como tais, e afirma-se que as assim chamadas visões só<br />

difer<strong>em</strong> dos sonhos “porque nós as experimentamos enquanto estamos<br />

acordados”. Mas, para Sparrow, considerar algo “apenas um sonho” não<br />

compromete sua realidade externa. Ele acredita que qualquer ser ou<br />

acontecimento de um sonho existe realmente no <strong>mundo</strong> exterior. Ele nega<br />

que os sonhos sejam “puramente subjetivos”. A evidência não t<strong>em</strong> nada a ver<br />

com isso. Se alguém sonhou com alguma coisa, se sentiu prazer, se o sonho<br />

despertou admiração, ora, então ele realmente aconteceu. Não há nenhum<br />

osso cético no corpo de Sparrow. Quando Jesus aconselha uma mulher que<br />

vive um casamento conflituoso e “intolerável” a expulsar o vagabundo de<br />

casa, Sparrow admite que isso cria probl<strong>em</strong>as para os “defensores de uma<br />

posição coerente com as Escrituras”. Nesse caso, “[e]m última análise, talvez<br />

fosse possível afirmar que virtualmente toda a suposta orientação é gerada a<br />

partir de dentro”. E se alguém relatasse um sonho <strong>em</strong> que Jesus aconselhasse,<br />

vamos dizer, o aborto – ou vingança? E se <strong>em</strong> algum lugar e de algum modo<br />

vamos ter de traçar a linha divisória e concluir que alguns sonhos são<br />

inventados pelo sonhador, por que não todos?<br />

Por que as pessoas inventariam histórias de rapto? E, nesse aspecto,<br />

por que apareceriam <strong>em</strong> programas de auditório na TV que se dedicam a<br />

humilhar sexualmente os “convidados” – a atual coqueluche na terra<br />

devastada do vídeo na América do Norte? Descobrir que somos vítimas de<br />

rapto por alienígena é pelo menos uma quebra na rotina da vida cotidiana.<br />

Ganhamos a atenção dos colegas, dos terapeutas, talvez até da mídia. Há um<br />

senso de descoberta, animação, terror. De que mais vamos nos l<strong>em</strong>brar?<br />

Começamos a acreditar que pod<strong>em</strong>os ser o arauto ou até o instrumento de<br />

eventos solenes que ora avançam <strong>em</strong> nossa direção. E não quer<strong>em</strong>os<br />

desapontar o nosso terapeuta. Ansiamos pela sua aprovação. Acho que é b<strong>em</strong><br />

possível haver recompensas psíquicas para qu<strong>em</strong> se torna vítima de rapto.<br />

Para efeito de comparação, consider<strong>em</strong>os os casos de adulteração de<br />

produtos, que quase não provocam o sentimento de deslumbramento que<br />

envolve os UFOs e os raptos por alienígenas: alguém diz ter encontrado uma<br />

seringa hipodérmica na lata de um refrigerante popular. É compreensível que

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