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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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cérebro provoca alucinações plenamente desenvolvidas. As pessoas com<br />

epilepsia do lobo t<strong>em</strong>poral – o que implica uma cascata de impulsos elétricos<br />

gerados naturalmente na parte do cérebro abaixo da testa – experimentam<br />

uma série de alucinações quase indistinguíveis da realidade: inclusive a<br />

presença de um ou mais seres estranhos, ansiedade, sensação de flutuar no<br />

ar, experiências sexuais e lapsos de m<strong>em</strong>ória. Há também o que é sentido<br />

como uma compreensão sagaz das questões mais profundas e a necessidade<br />

de divulgá-la. Um continuum de estimulação do lobo t<strong>em</strong>poral se estende das<br />

pessoas com epilepsia grave aos mais comuns dentre nós. Em pelo menos um<br />

caso relatado por outro neurocientista canadense, Michael Persinger, o<br />

<strong>em</strong>prego da droga antiepilética carbamazepina eliminou numa mulher a<br />

sensação recorrente de cumprir o roteiro padrão do rapto por alienígenas.<br />

Assim, essas alucinações, geradas espontaneamente ou com ajuda de<br />

produtos químicos e experiências, pod<strong>em</strong> des<strong>em</strong>penhar um papel – talvez<br />

central – nas histórias de UFOs.<br />

Mas essa opinião é fácil de desdenhar: o enigma dos UFOs decifrado<br />

como “alucinações de massa”. Todo <strong>mundo</strong> sabe que não há alucinações<br />

partilhadas. Certo?<br />

Quando a possibilidade da vida extraterrestre começou a ser<br />

popularizada por toda parte – especialmente perto da virada do século<br />

passado, por Percival Lowell com seus canais marcianos –, as pessoas<br />

passaram a relatar contatos com alienígenas, sobretudo marcianos. O livro de<br />

1901 do psicólogo Theodore Flournoy, From India to the planet Mars, descreve<br />

um médium de língua francesa que, <strong>em</strong> estado de transe, desenhava retratos<br />

dos marcianos (eles se parec<strong>em</strong> bastante conosco) e apresentava o seu<br />

alfabeto e linguag<strong>em</strong> (extraordinariamente parecidos com o francês). Na sua<br />

dissertação de doutorado de 1902, o psiquiatra <strong>Carl</strong> Jung descrevia uma<br />

jov<strong>em</strong> suíça que ficou nervosa ao descobrir, sentado à sua frente no tr<strong>em</strong>, um<br />

“morador dos astros” originário de Marte. Os marcianos ignoram a ciência, a<br />

filosofia e as almas, foi a informação que recebeu, mas têm uma tecnologia<br />

avançada. “Máquinas voadoras exist<strong>em</strong> há muito t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> Marte; todo o<br />

planeta é coberto por canais”, e assim por diante. Charles Fort, um<br />

colecionador de relatos anômalos que morreu <strong>em</strong> 1932, escreveu: “Talvez<br />

haja habitantes de Marte que secretamente enviam relatórios sobre os<br />

costumes de nosso <strong>mundo</strong> a seus governos”. Nos anos 50, um livro de Gerald<br />

Heard revelava que os ocupantes dos discos eram abelhas marcianas<br />

inteligentes. Qu<strong>em</strong> mais sobreviveria às fantásticas voltas <strong>em</strong> ângulo reto<br />

descritas <strong>pelos</strong> UFOs?<br />

Mas depois que a Mariner 9 d<strong>em</strong>onstrou que os canais eram

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