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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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pseudociências não funcionam:<br />

É proibido se envolver com astrologia, utilizar talismãs, sussurrar<br />

sortilégios [...]. Todas essas práticas nada mais são do que mentiras e<br />

logros usados <strong>pelos</strong> antigos pagãos para enganar as massas e desviá-las do<br />

bom caminho [...]. Os sábios e inteligentes têm mais discernimento. [De<br />

Mishneh Torah, Avodah Zara, capítulo 11.]<br />

Algumas afirmações são difíceis de verificar – por ex<strong>em</strong>plo, se uma<br />

expedição não consegue encontrar o fantasma ou o brontossauro, isso não<br />

significa que ele não existe. A ausência de evidência não é evidência da<br />

ausência. Outras são mais fáceis – por ex<strong>em</strong>plo, o aprendizado canibalesco<br />

dos platelmintos ou a declaração de que, submetidas a um antibiótico num<br />

prato de ágar, as colônias de bactérias vingam se alguém reza pela sua<br />

prosperidade (<strong>em</strong> comparação a bactérias de controle não redimidas por<br />

orações). Algumas – por ex<strong>em</strong>plo, as máquinas de movimento perpétuo –<br />

pod<strong>em</strong> ser excluídas com base na física fundamental. À exceção desses casos,<br />

não é que saibamos, antes de examinar a evidência, que as noções são falsas;<br />

coisas mais estranhas são rotineiramente integradas no corpo da ciência.<br />

Como s<strong>em</strong>pre, a questão é: qual o valor da evidência? O ônus da<br />

prova recai com certeza sobre os ombros daqueles que propõ<strong>em</strong> as<br />

afirmações. Reveladoramente, alguns deles sustentam que o ceticismo é um<br />

perigo, que a ciência verdadeira é uma investigação s<strong>em</strong> ceticismo. Talvez<br />

estejam parcialmente certos. Mas certezas parciais não bastam.<br />

A parapsicóloga Susan Blackmore descreve um dos passos da sua<br />

transformação no sentido de adotar uma atitude mais cética a respeito de<br />

fenômenos “mediúnicos”:<br />

A mãe e a filha escocesas afirmavam que conseguiam captar imagens<br />

mentais uma da outra. Decidiram usar cartas de baralho para os testes,<br />

porque era o que estavam acostumadas a fazer <strong>em</strong> casa. Deixei que<br />

escolhess<strong>em</strong> a sala <strong>em</strong> que seriam testadas e me assegurei de que não<br />

houvesse nenhuma maneira normal de a “receptora” ver as cartas.<br />

Fracassaram. Não conseguiram acertar mais do que o previsível pelo<br />

acaso, e ficaram muito desapontadas. Tinham honestamente acreditado<br />

que possuíam esse poder, e comecei a compreender como é fácil ser<br />

enganado pelo próprio desejo de acreditar.<br />

Tive experiências s<strong>em</strong>elhantes com vários rabdomantes, com crianças que<br />

diziam poder mover os objetos psicocineticamente, e com várias pessoas<br />

que afirmavam ter poderes telepáticos. Todos fracassaram. Até hoje ainda<br />

tenho na minha cozinha um número de cinco dígitos, uma palavra e um<br />

pequeno objeto. O lugar e os itens foram escolhidos por um jov<strong>em</strong> que diz<br />

poder “vê-los”, enquanto viaja fora do corpo. Eles já estão ali (<strong>em</strong>bora eu<br />

os mude regularmente de lugar) há três anos. Até agora, entretanto, ele

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