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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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Menos de um século depois de Maxwell ter predito as ondas de<br />

rádio, iniciou-se a procura de sinais de possíveis civilizações <strong>em</strong> planetas de<br />

outras estrelas. Desde então têm se realizado várias buscas, algumas já<br />

mencionadas aqui, de campos magnéticos e elétricos variando no t<strong>em</strong>po que<br />

cruzam as imensas distâncias interestelares, originárias de outras possíveis<br />

inteligências – biologicamente muito diferentes de nós – que também se<br />

aproveitaram, <strong>em</strong> alguma época de suas histórias, das intuições de alguns<br />

equivalentes locais de James Clerk Maxwell.<br />

Em outubro de 1992 – no deserto de Mojave e num vale carste de<br />

Porto Rico – d<strong>em</strong>os início àquela que é de longe a mais promissora, poderosa<br />

e abrangente busca de inteligência extraterrestre (SETI). Pela primeira vez, a<br />

NASS organizava e executava o programa. Todo o céu seria examinado<br />

durante um período de dez anos com uma sensibilidade e uma faixa de<br />

freqüência inéditas. Se, num planeta de qualquer um dos 400 bilhões de<br />

outras estrelas que formam a galáxia da Via Láctea, alguém nos enviasse uma<br />

mensag<strong>em</strong> de rádio, teríamos uma chance bastante boa de captá-la.<br />

Um ano mais tarde, o Congresso desconectou o fio da tomada. SETI<br />

não tinha importância urgente; seu interesse era limitado; era d<strong>em</strong>asiado<br />

caro. Mas toda civilização na história humana t<strong>em</strong> destinado parte de seus<br />

recursos para investigar questões profundas sobre o Universo, e é difícil<br />

imaginar uma mais profunda do que determinar se estamos sozinhos. Mesmo<br />

que jamais pudéss<strong>em</strong>os decifrar o conteúdo da mensag<strong>em</strong>, captar um desses<br />

sinais transformaria a nossa visão do Universo e de nós mesmos. E, se<br />

pudéss<strong>em</strong>os compreender a mensag<strong>em</strong> de uma civilização técnica avançada,<br />

as vantagens práticas seriam inauditas. Longe de ter fundamentos restritos, o<br />

programa SETI, apoiado fort<strong>em</strong>ente pela comunidade científica, está também<br />

integrado na cultura popular. O fascínio por esse <strong>em</strong>preendimento é amplo e<br />

duradouro, e por boas razões. E, longe de ser caro, o programa teria custado<br />

mais ou menos o equivalente a um helicóptero de ataque por ano.<br />

Eu me pergunto por que esses m<strong>em</strong>bros do Congresso que se<br />

preocupam com as despesas não prestam mais atenção ao Departamento de<br />

Defesa – que, com o desaparecimento da União Soviética e o término da<br />

Guerra Fria, ainda gasta, quando todos os custos são computados, b<strong>em</strong> mais<br />

de 300 bilhões de dólares por ano. (E, <strong>em</strong> outros departamentos do governo,<br />

há muitos programas que equival<strong>em</strong> a promover o b<strong>em</strong>-estar dos ricos.) Os<br />

nossos descendentes vão talvez voltar os olhos para a nossa época e ficar<br />

espantados conosco – mesmo de posse da tecnologia para detectar outros<br />

seres, fechamos os ouvidos com a insistência <strong>em</strong> gastar a riqueza nacional<br />

para nos proteger de um inimigo que já não existe. *<br />

(*) Em 1995, o programa SETI foi parcialmente ressucitado, com 7 milhões de

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