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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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aficionados por UFOs, foram hipnotizados por um médico e informados de<br />

que tinham sido raptados, levados a bordo de uma nave espacial e<br />

examinados. S<strong>em</strong> nenhum outro estímulo, solicitou-se que descrevess<strong>em</strong> a<br />

experiência. Os seus relatos, a maioria dos quais facilmente evocados, eram<br />

quase indistinguíveis das histórias apresentadas por aqueles que se<br />

descrev<strong>em</strong> como vítimas de rapto. Certo, Lawson tinha passado sugestões<br />

aos indivíduos de forma sucinta e direta; mas <strong>em</strong> muitos casos os terapeutas<br />

que tratam rotineiramente de vítimas de seqüestro por alienígenas fornec<strong>em</strong><br />

dicas a seus pacientes – alguns de forma muito detalhada, outros mais sutil e<br />

indiretamente.<br />

O psiquiatra George Canway (conforme relato de Lawrence Wright)<br />

propôs certa vez a uma paciente hipnotizada altamente sugestionável que<br />

cinco horas de um certo dia haviam desaparecido de sua m<strong>em</strong>ória. Quando<br />

ele mencionou uma luz brilhante no alto, ela prontamente começou a lhe falar<br />

de UFOs e alienígenas. Quando ele insistiu que ela fora objeto de<br />

experimentos, surgiu uma história pormenorizada de rapto. Mas quando saiu<br />

do transe e examinou um vídeo da sessão, ela reconheceu que viera à tona<br />

uma espécie de sonho. Durante o ano seguinte, entretanto, ela repetidamente<br />

recordou o material do sonho.<br />

A psicóloga Elizabeth Loftus, da Universidade de Washington,<br />

descobriu que indivíduos não hipnotizados pod<strong>em</strong> ser facilmente levados a<br />

acreditar que viram algo que não viram. Num experimento típico, os<br />

indivíduos assist<strong>em</strong> ao filme de um acidente de carro. Enquanto são<br />

questionados sobre o que viram, receb<strong>em</strong> de passag<strong>em</strong> informações falsas.<br />

Por ex<strong>em</strong>plo, um sinal de parada é mencionado fortuitamente, <strong>em</strong>bora não<br />

houvesse nenhum no filme. Muitos indivíduos então recordam ter<strong>em</strong> visto<br />

um sinal de parada. Quando o engano é revelado, alguns protestam<br />

ve<strong>em</strong>ent<strong>em</strong>ente, enfatizando ser<strong>em</strong> nítidas as suas l<strong>em</strong>branças do sinal.<br />

Quanto maior o intervalo entre o momento de ver o filme e o de receber a<br />

informação falsa, mais as pessoas permit<strong>em</strong> que suas l<strong>em</strong>branças sejam<br />

adulteradas. Loftus afirma que “as l<strong>em</strong>branças de um acontecimento<br />

guardam mais s<strong>em</strong>elhança com uma história que passa por constantes<br />

revisões do que com um pacote de informações inalteradas”.<br />

Há muitos outros ex<strong>em</strong>plos, alguns – como, por ex<strong>em</strong>plo, uma<br />

l<strong>em</strong>brança espúria de se perder, quando criança, num grande centro<br />

comercial – de maior impacto <strong>em</strong>ocional. Uma vez sugerida a idéia-chave, o<br />

paciente com freqüência dá substância plausível aos pormenores<br />

confirmadores. L<strong>em</strong>branças lúcidas, mas totalmente falsas, pod<strong>em</strong> ser<br />

induzidas com facilidade por algumas dicas e perguntas, sobretudo no<br />

ambiente terapêutico. A m<strong>em</strong>ória pode ser contaminada. L<strong>em</strong>branças falsas<br />

pod<strong>em</strong> ser implantadas até <strong>em</strong> mentes que não se consideram vulneráveis e

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