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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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pessoas cultas, algumas com instrução superior <strong>em</strong> física e engenharia. Essas<br />

doutrinas não são para bobalhões. Há algo mais no ar.<br />

Além disso, ninguém que se interesse pelo que são as religiões e<br />

pelo modo como se iniciam pode ignorá-las. Embora imensas barreiras<br />

pareçam se interpor entre uma afirmação local de pseudociência, restrita a<br />

um só foco, e uma noção de religião mundial, as divisórias são muito finas. O<br />

<strong>mundo</strong> nos apresenta probl<strong>em</strong>as quase insuperáveis. É oferecida uma ampla<br />

gama de soluções, algumas de visão de <strong>mundo</strong> muito limitada, outras de<br />

enorme alcance. Na costumeira seleção natural darwiniana das doutrinas,<br />

algumas prosperam por um t<strong>em</strong>po, enquanto a maioria desaparece com<br />

rapidez. Mas algumas – às vezes as mais desleixadas e menos atraentes<br />

dentre elas, como a história nos t<strong>em</strong> mostrado – pod<strong>em</strong> ter o poder de mudar<br />

profundamente a história do <strong>mundo</strong>.<br />

É indistinto o continuum que se estende da ciência mal praticada,<br />

pseudociência e superstição (da Nova ou da Antiga Era) até a respeitável<br />

religião dos mistérios, baseada na revelação. Eu tento não usar a palavra<br />

“culto” neste livro, no seu sentido habitual de uma religião não apreciada por<br />

aquele que fala, mas procuro chegar à pedra fundamental do conhecimento –<br />

eles realmente sab<strong>em</strong> o que alegam saber? Pelo visto, todos têm relevante<br />

autoridade.<br />

Em certas passagens deste livro, critico os excessos da teologia,<br />

porque nos casos extr<strong>em</strong>os é difícil distinguir a pseudociência da religião<br />

doutrinária e rígida. Apesar disso, quero reconhecer desde o início a<br />

prodigiosa diversidade e complexidade do pensamento e da prática<br />

religiosos durante milênios; o crescimento da religião liberal e da parceria<br />

ecumênica durante o século passado; e o fato de que – como na Reforma<br />

protestante, na Reforma do judaísmo, no Vaticano II e na assim chamada<br />

crítica mais elevada da Bíblia – a religião t<strong>em</strong> combatido (com graus variados<br />

de sucesso) os seus próprios excessos. Mas, assim como muitos cientistas<br />

parec<strong>em</strong> relutantes <strong>em</strong> debater ou até <strong>em</strong> discutir publicamente a<br />

pseudociência, muitos adeptos das religiões dominantes recusam-se a<br />

enfrentar os conservadores e fundamentalistas extr<strong>em</strong>ados. Se a tendência se<br />

mantiver, o campo será finalmente deles; eles pod<strong>em</strong> vencer o debate<br />

evitando-o.<br />

Um líder religioso me escreve sobre o seu desejo de “integridade<br />

disciplinada” da religião:<br />

Nós nos tornamos exageradamente sentimentais [...]. A devoção excessiva<br />

e a psicologia barata, de um lado, e a arrogância e a intolerância<br />

dogmática, do outro, distorc<strong>em</strong> a vida religiosa autêntica quase a ponto de<br />

não poder ser reconhecida. Às vezes chego perto do desespero, mas<br />

depois sigo vivendo com tenacidade e s<strong>em</strong>pre com esperança [...]. A

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