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Carl Sagan, em "O mundo assombrado pelos demônios - Interessante

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deixamos de insistir <strong>em</strong> nossas noções acerca de como a Natureza deve se<br />

comportar e nos posicionarmos diante dela com uma mente aberta e<br />

receptiva, descobrimos que o senso comum freqüent<strong>em</strong>ente não funciona.<br />

Por que não? Porque as nossas noções, tanto hereditárias como aprendidas,<br />

sobre o funcionamento da Natureza foram forjadas nos milhões de anos <strong>em</strong><br />

que nossos antepassados eram caçadores e coletores. Nesse caso, o senso<br />

comum é um guia pouco confiável, porque a vida dos caçadores-coletores<br />

jamais dependeu da compreensão dos campos magnéticos e elétricos<br />

variando no t<strong>em</strong>po. Não havia desvantagens evolutivas para a ignorância das<br />

equações de Maxwell. Em nossa época, é diferente.<br />

As equações de Maxwell mostram que um campo elétrico que varia<br />

rapidamente (aumentando Ε • ) deve gerar ondas eletromagnéticas. Em 1888, o<br />

físico al<strong>em</strong>ão Heinrich Hertz fez a experiência e descobriu que tinha gerado<br />

um novo tipo de radiação, ondas de rádio. Sete anos mais tarde, cientistas<br />

britânicos <strong>em</strong> Cambridge transmitiram sinais de rádio por uma distância de<br />

um quilômetro. Em 1901, Guglielmo Marconi, da Itália, já estava usando<br />

ondas de rádio para se comunicar com o outro lado do oceano Atlântico.<br />

A ligação econômica, cultural e política do <strong>mundo</strong> moderno por<br />

meio de torres de radiodifusão, equipamento de transmissão de microondas e<br />

satélites de comunicação r<strong>em</strong>onta diretamente à decisão de Maxwell de<br />

incluir a corrente de deslocamento <strong>em</strong> suas equações do vácuo. O mesmo se<br />

pode dizer da televisão, que imperfeitamente nos instrui e diverte; do radar,<br />

que pode ter sido o el<strong>em</strong>ento decisivo na Batalha da Grã-Bretanha e na<br />

derrota nazista na Segunda Guerra Mundial (o que gosto de imaginar como<br />

“Dafty”, o menino que não encontrava seu lugar na sociedade, deslocando-se<br />

até o futuro para salvar os descendentes daqueles que os atormentavam); do<br />

controle e navegação de aeroplanos, navios e espaçonaves; da<br />

radioastronomia e da busca de inteligência extraterrestre; e de aspectos<br />

importantes da energia elétrica e das indústrias de microeletrônica.<br />

Além disso, a noção de campos de Faraday e Maxwell t<strong>em</strong> exercido<br />

enorme influência na compreensão do núcleo atômico, da mecânica quântica<br />

e da estrutura fina da matéria. A sua unificação de eletricidade, magnetismo e<br />

luz num único conjunto mat<strong>em</strong>ático coerente é inspiração para tentativas<br />

subseqüentes – algumas b<strong>em</strong>-sucedidas, outras ainda <strong>em</strong> suas fases<br />

rudimentares – de unificar todos os aspectos do <strong>mundo</strong> físico, inclusive a<br />

gravidade e as forças nucleares, numa única grandiosa teoria. Pode-se dizer<br />

com justiça que Maxwell inaugurou a era da física moderna.<br />

Uma visão corrente do <strong>mundo</strong> silencioso dos vetores magnéticos e<br />

elétricos variáveis de Maxwell é descrita por Richard Fenyman com as<br />

seguintes palavras:

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